Ao contrário do que tem sido o padrão da generalidade dos países, Moçambique tem visto aumentar a taxa de infeção junto dos mais novos: dos 424 casos confirmados de infeção pelo SARS-COV2, 6,5% são crianças com menos de 15 anos, e 21% são de jovens adultos com idades entre os 25 e os 34 anos. Os dados constam do relatório da Direção Nacional de Saúde Pública de Moçambique, libertado no dia 7 de junho de 2020 e ao qual a VISÃO teve acesso.
As províncias de Cabo Delgado e de Nampula são as que contam com mais casos, atualmente, numa altura em que a região também não consegue fazer diminuir a onda de violência que há quase três anos tem matado e desalojado milhares de pessoas. A maior incidência da doença pode justificar-se precisamente pelo facto de as condições sanitárias serem mais difíceis de elevar, com muitas pessoas a viver em campos de reassentamento ou acampamentos provisórios onde a água e o saneamento são bens escassos. Em terceiro lugar no número de infetados aparece a cidade de Maputo.
“Devido ao aumento do número de casos no país, o Ministério da Saúde, expandiu a capacidade de deteção dos casos, através da vigilância ativa algumas unidades sanitárias selecionadas”, refere ainda o Governo moçambicano em comunicado. Recorde-se que as unidades de saúde daquele país enfrentam, geralmente, graves dificuldades de acesso a medicamentos e material hospitalar, pelo que o aumento de número de casos de infeção pode transformar-se num problema muito grave se necessitarem de internamento.
Recorde-se que Moçambique está ainda sob Estado de Emergência, desde o final de março passado, uma medida que Filipe Nyusi tem justificado com o facto de ser a única forma de evitar um lockdown total do país.
Numa comunicação pública, no final de maio, onde anunciava a decisão de prorrogar por mais 30 dias o Estado de Emergência, o presidente de Moçambique explicou que “estas medidas não visam acabar com a Covid-19, mas controlar a sua propagação pelo país e evitar que tenhamos de acionar as medidas de nível 4, ou seja o ‘lockdown’. Visam atrasar ou achatar a curva de crescimento.”
Na ocasião, o responsável lamentou que, apesar de um conjunto de medidas implementadas pelo Governo, ainda persistam algumas fragilidades.
Recentemente, a ONU fez saber que Moçambique precisa rapidamente de cerca de 103 milhões de dólares para fazer face à Covid-19 e ao agravar da violência no norte do país, que está a atirar milhares de moçambicanos para a pobreza. Tal como a VISÃO tem estado a dar conta, na zona norte de Moçambique os ataques parecem não ter fim à vista, tendo já obrigado à interrupção da prestação de ajuda humanitária por parte de algumas ONGD.