Será um marco de uma nova era do voo espacial para os EUA, que há perto de uma década não assiste a um momento destes. Como quem diz, a um lançamento para o espaço em solo americano. Mais: por um veículo particular. A Space X estreia-se assim no Programa de Tripulação Comercial da NASA, uma iniciativa experimental que incumbira empresas privadas de criar novas naves para aquela agência, capazes de ir e voltar da Estação Espacial Internacional. Falta ainda dizer que a contribuição da Space X é uma cápsula elegante, em forma de goma, chamada Crew Dragon. Já voou algumas vezes e, depois do cancelamento insperado desta semana, espera agora levar humanos para o espaço.
Há seis anos que a Space X se prepara para este feito. No ano passado, fez mesmo um ensaio completo, para testar o sistema de saída de emergência da cápsula – com êxito. Mas também houve contratempos, como o da cápsula chegou a explodir, num teste de solo.
Agora, quer passar à fase seguinte e entrar em órbita com tripulação. Os protagonistas, esses, também já foram escolhidos. Bob Behnken e Doug Hurley, dois astronautas veteranos, estão em em treinos para esta missão desde 2018.
Era uma vez na América
Foi já a 8 de julho de 2011 que houve astronautas lançados em órbita a partir dos EUA. Desde então a NASA enviou todos os seus astronautas e parceiros internacionais para a Estação Espacial nas cápsulas russas Soyuz. Um acordo que tem custado à NASA cerca de 70 milhões de euros por lugar – e que era, até agora, a única opção da agência.
Para alterar aquele cenário, a NASA desafiou então a indústria privada a trabalhar para trazer de volta os voos tripulados a solo americano. No âmbito desse Programa de Tripulação Comercial, a NASA fez acordo com duas empresas – SpaceX e Boeing – para que desenvolvessem os seus próprios veículos. A Space X recebeu 2,8 mil milhões de euros para criar a Crew Dragon, enquanto a Boeing 4,3 mil milhões para apresentar o CST-100 Starliner. Agora, a Space X deverá, finalmente, avançar.
…3, 2, 1!
O foguete Falcon 9 da SpaceX deve descolar do local de lançamento da empresa no Kennedy Space Center da NASA em Cabo Canaveral, na Flórida. Vestidos com roupas sob pressão personalizadas da SpaceX, os astronautas Behnken e Hurley são esperados na plataforma de lançamento ao fim por volta das 12 horas locais – cerca das cinco da tarde, hora de Lisboa.

Foto: SpaceX via Getty Images
À maneira bem espalhafatosa de Elon Musk, devem sair de um Tesla X branco, decorado com vários logotipos da NASA. Acedem depois a um elevador que os leva a um corredor suspenso conhecido como “braço de acesso da tripulação”, e chegarão à entrada da Crew Dragon. O lançamento está marcado para pouco depois das oito da noite em Portugal.
Se tudo correr como planeado, será uma rápida viagem à órbita da Terra para os dois astronautas. Qualquer coisa como 19 horas – o tempo necessário até chegarem à Estação Espacial Internacional, no domingo, pelas cinco da tarde, e coroarem a missão de êxito. O astronauta americano Chris Cassidy e os cosmonautas russos Anatoly Ivanishin e Ivan Vagner estão à sua espera.