Os números estão a ser avançados pela Sala da Paz, uma instituição que junta várias organizações da sociedade civil que acompanharam as eleições, e que está a ser citada pelos principais meios de comunicação de Moçambique: Filipe Nyusi, o candidato da Frelimo e presidente em exercício, deverá ser o grande vencedor destas eleições com 72% dos votos. Atrás de si, Ossufo Momade, da Renamo, com 21%. David Simango terá tido 5,8% e Mario Albino deverá ter tido resultados residuais, segundo as mesmas instituições que alegam não haver ainda dados suficientes para divulgar – com excepção da região de Nampula, onde tem Albino sua base eleitoral, adiantam os meios de comunicação de Moçambique. No início do mês passado o candidato do partido extraparlamentar Ação do Movimento Unido para a Salvação Integral denunciou estar a ser vítima de ameaças de morte, por parte de pessoas alegadamente ligadas à FRELIMO.
Cerca de 13 milhões de moçambicanos foram às urnas durante o dia de ontem, 15 de outubro, numas eleições marcadas por pouca violência e um aumento significativo da participação de mulheres no ato eleitoral, comentam os observadores no terreno. Segundo os mesmos responsáveis, as eleições aconteceram de forma relativamente tranquila, e mais de 50% dos eleitores terá cumprido o seu direito de voto.
Nestas eleições gerais (presidenciais, legislativas e provinciais) foi a primeira vez em que os governadores das províncias do país foram a votos, pondo termo à sua nomeação por decreto executivo, como até aqui.
Entretanto, no mesmo dia em que os votos acabam de ser contados na antiga colónia portuguesa, o Fundo Monetário Internacional antevê que a dívida pública daquele país suba para 108,8% em 2019, sem perspetivas de baixar dos 100% até 2023. Os dados constam do Fiscal Monitor, um documento que foi divulgado esta quarta-feira em Washington.
Recorde-se que o centro de Moçambique foi fortemente atingido por um ciclone no final de março deste ano, deixando cerca de mil mortos e milhões de desalojados na região da Beira. Esta foi considerada uma das piores tempestades da História daquele continente. Cerca de um mês depois, seria o norte do país a ser atingido por um outro ciclone, de menores dimensões mas que também deixou milhares de desalojados.
Em agosto deste ano o Presidente da República, agora reeleito, assinou um acordo de paz com a Renamo para tentar pacificar o país através da reintegração dos combatentes da Resistência Nacional Moçambicana no exército nacional e do desmantelamento das bases militares da Renamo dispersas pelo país. Apesar das boas intenções, há duvidas de que efetivamente o acordo seja duradouro.
Também ao longo dos últimos meses se têm agravado as tensões na província de Cabo Delgado, onde várias empresas têm chegado para explorar o gás existente na região. Vários ataques reivindicados pelo auto-proclamado Estado Islâmico têm deixado um rasto de morte e destruição na região desde, pelo menos, junho passado, o que tem preocupado autoridades e particulares.