No início do ano chamaram-lhe “O Inferno na Terra”, palavras da Oxfam, uma confederação de organizações que trabalham na busca de soluções para o problema da pobreza, desigualdade e pobreza. Agora, a acusação é da organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF): as cerca de 24 mil pessoas – homens, mulheres e crianças – que estão encurraladas nas ilhas gregas vivem “condições horríveis” e de “deliberada negligência”, e a culpa, diz a MSF em comunicado, é tanto das autoridades gregas como da União Europeia.
Segundo descrevem, e as fotos atestam, a situação está em ponto de rutura: aquelas 24 mil pessoas foram divididas por cinco espaços para o efeito que, no seu conjunto, deviam albergar 6 300, no máximo. Por Lesbos e Samos há milhares de pessoas ao abandono, com muito (frisa a MSF) limitado acesso à água, saneamento e demais cuidados de saúde. Este novo pico de sobrelotação e falta de condições deve-se, insiste a organização, na abordagem de confinamento e disuasão decidida pela UE.
“A sobrelotação está a criar cada vez maior desespero e a deteriorar crescentemente o estado de saúde físico e mental, já frágil, de milhares de pessoas vulneráveis. Com a redução das transferências para a Grécia continental, e as chegadas contínuas às ilhas, este quadro pode muito rapidamente agravar-se ainda mais”, lê-se no comunicado.
“Esta não é uma emergência nova: a superlotação severa nos pontos críticos é uma crise impulsionada por políticas que prejudica milhares de homens, mulheres e crianças todos os dias, durante anos. Já vimos isso no passado e continuamos vendo hoje ”, assinala o próprio Tommaso Santo, chefe de missão da MSF na Grécia. “Há três anos que aguardamos por respostas. Será que as autoridades gregas e a UE julgam que é assim que impedem a chegada de novos migrantes à Europa? O recente aumento nas chegadas é bem indicativo que esta política não é sustentável”.