O estado do Amazonas já tinha decretado estado de emergência no início do mês, dado o enorme impacto da desflorestação ilegal e queimadas não autorizadas. Registara, de janeiro a julho deste ano, 1699 focos de calor – o que quer dizer zonas com temperaturas acima dos 47 graus, tudo captado por satélite e indicativo da possibilidade de fogo. “Destes, 80% dos casos ocorreram no último mês”, comunicou o estado do Amazonas no seu ‘site’.
Pouco depois, foi a vez do governo do Acre, outro estado brasileiro situado na floresta amazónica, também se declarar em estado de alerta ambiental, devido ao aumento dos incêndios em zona de mata.
Ao todo, o número de focos de incêndio no país já é o maior dos últimos sete anos. Ao jornal Estadão, o investigador Alberto Setzer explicou que o clima em 2019 está mais seco do que no ano passado, o que propicia incêndios, mas garante que grande parte deles não são acidentais.
“Nesta época do ano não há fogo natural. Todas essas queimadas são originadas em atividade humana, seja acidental ou propositada. A culpa não é do clima, ele só cria as condições, mas alguém coloca o fogo”, afirmou Setzer. E s sua expectativa é que a situação piore ainda mais nas próximas semanas, com a intensificação da seca.
Mas as críticas de Jair Bolsonaro, o presidente do Brasil, foram sobretudo para o Inpe – o órgão do Governo brasileiro que faz o levantamento de dados sobre a desflorestação e queimadas no país – acusando o instituto de estar a serviço de algumas ONG’s, por divulgar dados que apontam para o aumento da deflorestação do conhecido “pulmão do planeta”. E negou os dados, entretanto tornado públicos.
O caso tomou proporções ainda maiores depois de, há uma semana, o ministro do Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, ter anunciado a suspensão do Fundo Amazónia após a Noruega, principal doador para a proteção da floresta amazónica, ter bloqueado o envio de 30 milhões de euros, destinados ao Fundo.
“O Brasil rompeu o acordo com a Noruega e com a Alemanha desde que suspendeu o conselho de administração e o comité técnico do Fundo Amazónia”, afirmou o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, acusando também Brasília de “não querer parar a desflorestação”.