No dia 15 de janeiro de 2009, o “milagre no Hudson” valeu a Chesley “Sully” Sullenberger o título incontestado de herói. O choque com um bando de pássaros obrigou o piloto americano a alterar a rota do voo, acabando por fazer pousar o gigante Airbus A320 nas águas do rio Hudson, em Nova Iorque, salvando assim todos os passageiros e tripulantes do voo 1549 da US Airways. 155 vidas no total.
Agora, mais de 10 anos depois, Sullenberger prestou declarações perante o Comité dos Transportes sobre o muito contestado modelo da Boeing envolvido em dois acidentes fatais no espaço de cinco meses. Depois de participar em simulações destes desastres, “Sully” diz que sentiu dificuldades em recuperar o controlo do avião.
“Recentemente, experimentei todos aqueles avisos num simulador de voo do 737 MAX durante recriações dos voos acidentados. Mesmo sabendo o que ia acontecer, consigo perceber como as tripulações podem ter ficado sem tempo para resolver os problemas. Antes destes acidentes, acho improvável que qualquer piloto de uma companhia aérea americana tenha sido confrontado com este cenário num simulador de treino”, afirmou.
Perante o painel, Sullenberger sublinhou que é importante que os pilotos não tenham de enfrentar “armadilhas inadvertidas”. “Temos de garantir que todos os que ocuparem um lugar de piloto estejam completamente armados com a informação, conhecimento, treino, capacidade e discernimento para poderem ser os senhores absolutos do avião e de todos os seus sistemas e de todas as situações em simultâneo e continuamente ao longo de todo o voo”, defendeu, concluindo que “ler sobre isso num iPad não é nem perto de ser suficiente”.
O Boeing 737 MAX viu-se sob fogo depois de dois aviões deste modelo se despenharem na Indonésia e na Etiópia, em outubro de 2018 e março deste ano, provocando um total de 346 mortos.
Os 737 Max 8 e 9 estão em terra desde o acidente da Ethiopian Air e a Boeing tem estado focada na tentativa de resolver o problema da funcionalidade de estabilidade integrada no programa que terá impedido os pilotos de retomarem o controlo, levando à queda das aeronaves.