– O momento em que cai a torre da catedral de Notre Dame
– Fotografias mostram a dimensão do incêndio em Notre Dame
– O momento em que cai o pináculo de Notre Dame
O alerta já fora dado há pelo menos dois anos. Num artigo da revista Time, ali se contava como um dos mais belos edifícios da era medieval ainda de pé, um lembrete constante da história de Paris, enfrentava o maior dos seus desafios: cerca de 854 anos após o início da construção, e visitado por 12 milhões de turistas por ano, pedia urgentemente por obras. O tempo desgastara as pedras, as décadas de impasse só pioraram os danos. “A poluição é o maior culpado”, dizia Philippe Villeneuve, arquiteto e responsável mor pelos monumentos históricos em França. “É preciso substituir muita coisa. Esta obra vai ser extensa.”
Seria também caro, já se sabia, e não era ainda claro quem estava preparado para pagar a conta. Segundo a lei francesa, o governo é o dono da catedral e é a arquidiocese católica de Paris que a usa. Durante muitos anos, os padres acreditavam que o governo deveria pagar pelos reparos, já que era dono do prédio. Mas sob os termos do acordo do governo, a arquidiocese é responsável pela sua manutenção, com o Ministério da Cultura dando-lhe cerca de 2 milhões de euros por ano para esse fim.
Mas houve logo quem dissesse que o dinheiro cobria apenas reparos básicos, muito aquém do que é necessário. Sem uma injeção séria de dinheiro, alguns acreditam, o prédio não será seguro para os visitantes no futuro.
Não foi a única denúncia sobre o mau estado da Catedral. Nesse mesmo ano, o New York Times dava conta de gárgulas partidas e balaustradas caídas e remendadas com tubos de plástico e bocados de madeira. Os contrafortes tinham escurecido devido à poluição e sofrido grande erosão pela água da chuva. Havia, escrevia ainda o NYT, pináculos apoiados em vigas.
Mas pouco dessa deterioração era imediatamente visível para os milhões de turistas que, impressionados, visitavam Notre Dame. Ainda assim, André Finot, o porta-voz da catedral, não se eximia a apontar a decadência do espaço. “A pedra sofre sempre erosão e, quanto mais o vento sopra, mais todas as pequenas peças se vão desmoronando. Está a ficar fora de controlo…”