Segundo os Médicos Sem Fronteiras (MSF), cerca de 125 mulheres e raparigas na região norte do Sudão do Sul foram violadas, agredidas e assaltadas, num pico de violência que se estendeu por 10 dias, entre 19 e 29 de novembro.
“Algumas meninas têm menos de 10 anos e outras são mulheres com mais de 65 anos. Nem mesmo as mulheres grávidas tem sido poupadas a estes ataques brutais”, refere a organização, em comunicado.
“Em mais de três anos a trabalhar no Sudão do Sul, nunca vi um aumento tão dramático de sobreviventes de violência sexual a procurarem-nos para assistência médica”, conta Ruth Okello, parteira ao serviço dos MSF.
Além de serem violadas, muitas das vítimas foram também chicoteadas e agredidas com paus e coronhas das armas. Em muitos casos, os atacantes roubaram-lhes ainda as roupas, os sapatos e tudo o que tivessem de valor, incluindo os cartões necessários para terem acesso à ajuda alimentar.
Estes ataques ocorrem numa altura em que mais pessoas se deslocam para tentar chegar às zonas de distribuição de alimentos e, segundo os MSF, apesar de as mulheres caminharem em grupos para aumentar, assim, a segurança, continuam deparar-se com grupos cada vez maiores de atacantes.
À Reuters, o ministro da Informação do estado de Northern Liech, um dos 28 estados do Sudão do Sul, considerou que os números reportados não são reais. “Uma violação com esta magnitude não é verdade”, garantiu Lam Tungwar. “Somos um estado que respeita os direitos humanos e os direitos das mulheres estão no topo da nossa lista.”
O conflito civil que espalha violência e fome pelo país desde 2013 já fez mais de 4 milhões de deslocados, segundo números das Nações Unidas.