“A minha regra de engajamento no Haiti era muito parecida com essa que o futuro governador colocou. É óbvio que muita gente faz uma distorção nisso e acaba dizendo que é uma autorização para matar. É uma reação necessária à exibição ostensiva que tem sido feita no Rio de Janeiro de armas de guerra nas mãos, muitas vezes, de jovens”, disse o general na reserva, que comandou tropas brasileiras no Haiti, em entrevista à Rádio Nacional.
O antigo militar afirmou que as armas usadas nos crimes normalmente são empregadas em ações que resultam em mortes de inocentes e de polícias envolvidos nos confrontos e defendeu a retoma do respeito pelas forças legais.
“É preciso um treino bem feito das tropas para que isso seja respeitado [evitar mortes indiscriminadas]. Tivemos essa regra no Haiti durante mais de dez anos e não há casos de execuções indiscriminadas. É uma questão de treino e, de pouco a pouco, se readquirir o respeito”, afirmou o futuro ministro da Defesa.
Sobre a intervenção policial no Rio de Janeiro, um dos estados brasileiros com maior índice de criminalidade, o general Heleno elogiou a polícia local, classificando-a como “talvez uma das mais valentes no mundo”.
“Quem já subiu o morro levando com tiros, quem já enfrentou uma comunidade levando com tiros que você não sabe de onde vêm, sabe o que é isso. As polícias no Rio de Janeiro são muito corajosas, mas precisam ter na sua retaguarda um outro tipo de apoio, principalmente esse apoio logístico que foi implantado pela intervenção e que pode servir de modelo para o resto do país”, relatou, segundo a Agência Brasil.
O general na reserva disse ainda que é preciso esquecer aquilo a que chamou de “confrontos de campanha” e trabalhar pela reconstrução do Brasil.
“Temos muito o que fazer. Temos que esquecer esses confrontos de campanha. Tudo isso tem que ser deixado de lado agora. Vamos trabalhar pela reconstrução desse país, que é um país fantástico e que merece chegar muito mais longe do que chegou até hoje”, concluiu.
Para além da confirmação do general na reserva Augusto Heleno para o ministério da Defesa, até ao momento já foram adiantados por Bolsonaro os nomes do deputado federal Onyx Lorenzoni para ocupar o ministério da Casa Civil, o economista Paulo Guedes para a pasta da Economia e o astronauta e major da reserva Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia.
O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita), Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos, derrotando o candidato do Partido dos Trabalhadore (PT), Fernando Haddad, que teve 44,9% dos votos.