A indústria farmacêutica chinesa está, de novo, debaixo de fogo depois de ter sido noticiado esta segunda-feira que o governo está a investigar uma das maiores empresas por ter violado as normas na produção de 250 mil vacinas contra a difteria, tétano e tosse convulsa.
Embora não haja, até ao momento, relatos de doenças ou mortes provocadas pelas vacinas defeituosas, milhares de cidadãos começam a temer que a corrupção na indústria farmacêutica esteja a colocar em risco as vida das pessoas, relata o jornal The New York Times.
Numa altura em que a China se quer colocar na vanguarda do fabrico de produtos farmacêuticos, os recentes escândalos são um revés para o presidente Xi Jinping.
“Dizemos sempre que as crianças são o futuro da nação, mas se não conseguimos assegurar esse futuro em segurança, o que é que ele nos reserva”, referiu ao jornal o pai de uma menina de um ano que foi vacina com um produto da empresa em causa, a Changchun Changsheng. O mesmo pai referiu que não vai comprar mais vacinas feitas na China porque não tem confiança nas empresas. “Como chineses devíamos ter confiança no nosso país, mas sofrer uma e outra vez faz-nos perder a esperança”, acrescentou.
Esta segunda-feira, Xi Jinping disse que estas notícias são “terríveis e chocantes” e que a “investigação tem de ir ao fundo” da questão.
A empresa Changchun Changsheng tem tido um crescimento bastante acelerado, só no ano passado teve receitas na ordem dos 200 milhões de euros e está na bolsa Shenzhen. Num comunicado, a companhia pediu desculpa e disse que está “profundamente envergonhada” com o sucedido.
Desde 2010, que os escândalos se sucedem. Em 2013, uma grande empresa foi investigada pelas autoridades de saúde depois da morte de oito crianças, em dois meses, que tinham tomada a vacina para a Hepatite B.
Em 2016, foram vendidas dois milhões de vacinas mal acondicionadas em armazéns e muitos pais se perguntaram se faziam bem em vacinar os filhos.