Um sindicato americano da polícia da Carolina do Sul, nos EUA, está contra a inclusão de dois livros sobre o uso da força dos agentes na lista que os estudantes do 9.º levaram para ler durante as férias. O presidente do sindicato diz que os livros representam “quase uma doutrina para desconfiar da polícia”.
Em causa estão “ Ódio que Semeias (no original The Hate U Give), da escritora afro-americana Angie Thomas, galardoado com vários prémios, incluindo de literatura para crianaças, e All American Boys (ainda não traduzido para português), de Jason Reinolds e Brendan Kiely, que recebeu um prémio pela sua excecionalidade no que diz respeito às crianças como seus leitores.
O Ódio que Semeias foi escrito depois dos acontecimentos que levaram à criação do movimento Black Lives Matter, em 2017, e é sobre a brutalidade da polícia: segue a vida de uma jovem que foi testemunha do tiro que o seu melhor amigo, que estava desarmado, levou de um polícia. All American Boys narra a tentativa de superação de um rapaz em confiar na polícia depois de ter sido confundido com um ladrão de uma loja e espancado pela polícia.
O sindicato questiona o “facto de a escola concentrar metade do seu esforço em mostrar as partes negativas da polícia” quando há “mais temas socioeconómicos disponíveis.
Só que não é de metade que se trata. Dois oito livros que os alunos levaram como leitura para as férias, apenas estes dois se referem ao uso da força policial.
O diretor da escola disse, em comunicado, que receberam uma queixa a propósito destes livros e que irão agir de acordo com os regulamentos. Ou seja, um comité irá analisar os livros, falar com os autores da queixa e com o professore que os escolheu e elaborará um relatório para ser entregue ao superintendente da escola, que depois tomará uma decisão.
A Aliança Nacional Contra a Censura manifestou o seu apoio à escola e colocou-se à disposição para ajudar no processo. Na carta que enviaram à direção afirmam que “retirar livros que foram selecionados pelo seu valor educacional, apenas porque as ideias lá expressas entram em conflito com as crenças políticas ou morais de alguns pais, iria, indevidamente, permitir que os pais dominassem o processo público de educação através das suas opiniões”.