Até há pouco tempo, pensava-se que o género de tubarões Hexanchus – ou tubarões-de-seis-guelras, nome comum pelo que é conhecido – englobava apenas duas espécies. Recentemente, foi descoberta a terceira: o Hexanchus vitulus, ou o “tubarão-de-seis-guelras do Atlântico”.
A nova espécie foi encontrada nas profundezas do oceano. Mede cerca de 1,80 metros, tem olhos grandes e verdes, uma dentição única semelhante a uma serra e (como o nome indica) seis guelras, reporta o National Geographic.
A bióloga Toby Daly-Engel, do Florida Institute of Technology, suspeitou estar perante uma terceira espécie de tubarão-de-seis-guelras enquanto analisava espécimes de Hexanchus griseus (ou “tubarão-de-seis guelras de nariz redondo”) e de Hexanchus nakamurai (ou “tubarão-de-seis-guelras de olhos grandes”), na University of Hawaii, nos EUA.
Daly-Engel e a sua equipa repararam que o ADN dos espécimes em laboratório não coincidia com o de tubarões analisados e catalogados anteriormente. Concluíram que, de facto, se tratava de uma espécie nova.
“Mostrámos que os ‘seis-guelras’ do Atlântico são, na verdade, muito diferentes a nível molecular dos dos oceanos Pacífico e Índico, ao ponto de se tornar óbvio que são uma espécie diferente; mesmo parecendo muito semelhantes a olho nu”, explica Daly-Engel.
Como o nome indica, o Tubarão-de-seis-guelras do Atlântico habita nas profundezas do oceano Atlântico, enquanto que o Tubarão-de-seis-guelras de olhos grandes pode ser encontrado nos mares dos oceanos Índico e Pacífico.
Para além da diferença no habitat, a outra única diferença que não passa despercebida a olho nu estáno tamanho dos espécimes: o Hexanchus vitulus mede cerca de 1,80 metros de comprimento, enquanto que o Hexanchus nakamurai pode atingir mais de 4,60 metros.
Os tubarões-de-seis-guelras estão entre os animais mais antigos do mundo. Os seus antepassados remontam a mais de 250 milhões de anos, sendo mesmo anteriores aos dinossauros. Foi o facto de viverem nas profundezas do oceano, a zona do planeta de mais difícil acesso e, consequentemente, menos estudada, que tornou a descoberta do tubarão-de-seis-guelras do Atlântico tão difícil.
Daly-Engel acredita que a diferenciação entre o tubarão-de-seis-guelras de olhos grandes e o tubarão-de-seis-guelras do Atlântico poderá ser benéfico para ambas as espécies, assim como para a própria evolução da biologia.
“Temos uma perceção da variação geral nas populações de tubarões-de-seis-guelras, pois agora sabemos que são duas espécies únicas”, diz. “Percebemos que se pescarmos em demasia uma delas, ela não se irá repor em mais nenhum local do mundo”.
O estudo completo encontra-se publicado no jornal Marine Biodiversity.