A Cidade do Cabo pode ficar sem acesso a água potável já a partir de março, relatam as autoridades locais.
A cidade sul africana está a sofrer os efeitos de três anos de seca severa, aliada ao aumento do consumo de água potável pela população em crescimento.
O governo local está já a estudar medidas que permitam a obtenção de água potável, tais a dessalinização de água do mar, coleção de águas subterrâneas e reciclagem de água.
Ao mesmo tempo, os residentes estão a ser persuadidos a limitar o seu consumo de água a 87 litros diários.
A Cidade do Cabo é um local de extrema afluência turística, sendo que até os visitantes estão a ser compelidos a poupar água: lavar carros e encher piscinas é agora proibido, os banhos não devem demorar mais de dois minutos e os autoclismos devem ser usados apenas quando estritamente necessário, adverte o portal do turismo nativo.
Mas não é só nesta região que a escassez de água se faz sentir. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 2,1 mil milhões de pessoas no mundo não têm acesso a fontes de água potável.
Várias empresas estão já a desenvolver projetos que aliam a criatividade à tecnologia, com o intuito de travar a evolução desta ameaça.
A empresa francesa CityTaps, por exemplo, está a desenvolver um “contador inteligente” com ligação à Internet. Os utilizadores poderão comprar “créditos de água” através do telemóvel e o contador dispensar-lhes -à o montante de água equivalente aos créditos comprados.
Por outro lado, a empresa norte-americana WaterSeer está a desenvolver um aparelho capaz de condensar a humidade natural do ar e transformá-la em água potável.
Apesar das propostas engenhosas, será a tecnologia a solução para o problema? Vincent Casey, gerente da ONG WaterAid – que luta pelo acesso global a fontes de água e higiene – acredita que não.
Embora a tecnologia moderna possa ajudar a usar a água mais eficientemente, apenas funcionará em sítios onde as pessoas tenham acesso tanto a água potável como a essa mesma tecnologia.
“A tecnologia para ligar as pessoas a fontes de água já existe desde o tempo do antigo Egipto. Não é um problema técnico”, defende Casey. O problema está antes na forma de como os recursos de água são geridos, diz à BBC.
“A prioridade é mobilizar recursos e prestar atenção suficiente à forma como são geridos, para manter as pessoas ligadas [às fontes]”.
Casey adverte que o combate ao aquecimento global e ao seu efeito sobre as reservas naturais de água do planeta é algo que cabe a toda a humanidade, em conjunto.