A aparição de Martin Schulz na política interna alemã foi sol de pouca dura. O candidato a chanceler pelos social-democratas (SPD) chegou, em fevereiro, a estar ombro a ombro com Angela Merkel nas sondagens para as legislativas deste ano. O SPD subiu mais de dez pontos mas, entretanto, o ‘efeito Schulz’ desvaneceu-se nas intenções de voto e, sobretudo, na ida às urnas.
Em duas eleições regionais, nas últimas semanas, o SPD perdeu para os democratas-cristãos (CDU) de Merkel e prepara-se este domingo para uma terceira derrota no estado da Renânia Norte-Vestefália, atualmente governado por uma coligação entre os social-democratas e Verdes. Nas últimas sondagens para as eleições no estado, a CDU segue à frente com 32% das intenções de voto, mais um ponto que o SPD. O próprio Schulz, que nasceu neste estado e tem aparecido em muitas ações de campanha, já admitiu que o partido mais forte no domingo será também o mais votado em setembro.
A Renânia tem mais peso que o estado de Schleswig-Holstein, onde a CDU venceu por 33% dos votos, mais sete que o SPD no passado dia 7, ou de Saarland, em que os conservadores ganharam por 40,7%, mais onze pontos que os social-democratas , no final de março passado. É o estado mais populoso da Alemanha, com quase 18 milhões de habitantes – e 13 milhões de eleitores – e espelha muitas das preocupações dos alemães, a nível de segurança.
Os alegados assaltos sexuais no Ano Novo, em Colónia, ou o facto do tunisino Anis Amrin ser residente no estado antes de conduzir o camião contra o mercado de Natal em Berlim, tem manchado a reputação da Renânia. Ao mesmo tempo, o estado tem uma das piores taxas de desemprego do país e uma indisciplina nas finanças públicas tal que os conservadores da CDU o classificam como “a Grécia da Alemanha”.
“Quantitivamente é extremamente importante, porque em nenhum estado vai tanta gente às urnas”, disse Karl Rudolf-Körte, cientista político na Universidade de Duisburg-Essen, à radio Deutschlandfun, antes de acrescentar: “Quantitativamente é importante porque com frequência a competição entre partidos políticos a nível nacional é decidida de acordo com a constelação” na Renânia.
A eleição de domingo é a última regional antes das legislativas marcadas para 24 de setembro. No duelo entre Merkel e Schulz, a chanceler mostra pouco desgaste depois de 11 anos no poder e tudo indica que a indignação alemã perante a política de portas abertas aos refugiados foi esquecida. Uma sondagem da ARD desta semana indica que 63% dos alemães aprova a gestão de Merkel e 49% dos eleitores assinalam o voto na CDU – está agora a 13 pontos de distância do ex-presidente do Parlamento Europeu, que continua a cair nas sondagens. No campeonato da popularidade a chanceler só é vencida pelo seu imediato, o ministro das finanças. Dois terços dos alemães inquiridos aprovam o trabalho de Wolfgang Schäuble.