Só nos últimos 30 anos, o nosso planeta perdeu cerca de 30 por cento dos seus recifes de coral e os especialistas acreditam que, até 2050, mais de 90 por cento de todos eles vão morrer.
“Isto não é algo que vá acontecer daqui a 100 anos. Estamos a perdê-los agora”, alertou a bióloga Julia Baum, à revista Time, dizendo que a rapidez da perda está a ser muito maior do que alguma vez se imaginou. Os recifes de coral, para além de colorirem e tornarem mais belo o fundo do mar, são também o suporte e o habitat de um quarto de todas as espécies marinhas.
Mas não só. Algum do oxigénio que respiramos é produzido pelos recifes de coral, que também formam, explica a revista, barreiras cruciais para a proteção das costas face às tempestades. À parte disto, estas florestas tropicais subaquáticas, como são muitas vezes chamados, são muito importantes para o turismo, para a pesca e para o comércio e ainda ajudam a investigação médica a encontrar novas curas para doenças como o cancro, artrite e infeções bacterianas ou virais.
Os corais são seres invertebrados, capazes de construir autênticas colónias coloridas – os esqueletos que produzem através da secreção de cálcio conseguem ganhar cor graças a uma relação simbiótica com as algas, que vivem nos seus tecidos e lhes dão energia.
No entanto, o seu desaparecimento está a ser ameaçado por uma série de fatores, dento dos quais a pesca excessiva, a poluição, o desenvolvimento costeiro, o escoamento superficial agrícola, a acidificação das águas e o aumento da temperatura do oceano. Uma mudança de um ou dois graus pode levar à expulsão da alga pelo coral, causando o um fenómeno a que se chama branqueamento do coral.
Este processo pode ser revertível, mas se temperatura continuar alta durante muito tempo, o coral acaba por morrer. Neste momento, mesmo que fosse possível travar o aquecimento global agora, os especialistas dizem que mais 90 por cento dos corais irão morrer até 2050 e que, por isso, é preciso uma intervenção drástica.
A pensar nisto, Ove Hoegh-Guldberg, biólogo da Universidade de Queensland, na Austrália, lançou, no mês passado, a “50 Reefs”, uma iniciativa que pretende identificar os recifes com mais capacidades para sobreviver em oceanos cada vez mais quentes e, claro, alertar o público para este problema. Depois de os identificarem, o objetivo é protegê-los dos outros fatores de ameaça. Mas há quem vá mais longe.
Ruth Gates, do Instituto de Biologia Marinha do Havai, quer treinar os corais para sobreviverem em temperaturas elevadas, sujeitando-os a um stress térmico e esperando que consigam, de alguma forma, memorizar essas condições. “É tempo de começar a pensar fora da caixa. Este é um jogo sem vitória se não fizermos nada”, refere a bióloga, na esperança de salvar os restantes 50 por cento de recifes que ainda existem.