Numa tentativa desesperada de assegurar o controlo sobre pontos estrategicamente importantes de Mossul, o Estado Islâmico capturou nas aldeias da periferia dessa cidade cerca de 550 famílias que está a usar como Escudos Humanos, informou, esta sexta-feira, 21, uma porta-voz do departamento de Direitos Humanos da ONU.
Dizendo tratar-se de “informação confirmada”, Ravina Shamdasani declarou também que aquele departamento da ONU está também a investigar alegações de que os terroristas mataram 40 pessoas numa dessas aldeias.
Já no início da semana, a Organização Internacional para as Migrações alertara para a possibilidade de o Estado Islâmico vira a utilizar escudos humanos e armas químicas em Mossul. “Dezenas de milhares de pessoas correm o risco de serem expulsas das suas terras e ficaram presas entre as linhas de combate, podem mesmo vir a ser usadas como escudos humanos”, afirmou em declarações à agência Reuters, Thomas Weiss, chefe da missão da OIM no Iraque
A batalha de Mossul, cidade controlada pelo EI desde 2014 começou no domingo e tem-se intensificado desde então. A operação militar que tem o apoio aéreo dos Estados Unidos e envolve forças militares iraquianas e combatentes curdos poderá prolongar-se por várias semanas ou mesmo meses. Nas palavras do ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Marc Ayrault, trata-se de uma operação decisiva tanto do ponto de vista militar como ideológico, já que a intenção é “apunhalar o Estado Islâmico no seu coração”.
Ora, de acordo com a ONU, a batalha poderá obrigar a montar a “maior e mais complexa” operação humanitária do mundo, uma vez que se prevê que um milhão de pessoas possam ficar desalojadas naquela cidade. Recorde-se que 3,3 milhões de iraquianos – 10% da população – já são considerados deslocados de guerra.
Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, foi capturada em junho de 2014 pelo ES que a transformou num bastião militar no qual estarão acantonados entre 4.000 a 8.000 combatentes jihadistas.
O alto comissário da ONU para os refugiados, Said Rad al-Hussein já se manifestou “muito preocupado” com a situação das 550 famílias, impedidas pelo EI de se deslocaram para zonas controladas pelo governo iraquiano e levadas para Mossul, onde foram colocadas junto de alvos estratégicos.
Entretanto, o IE levou a cabo uma série de atentados de retaliação na zona de Kirkuk, cidade do norte do Iraque controlada por combatentes curdos, matando 20 pessoas.