A acusação é apenas uma: supostas ligações ao clérigo Fethullah Gulen, o “traidor”, como lhe chama Erdogan, opositor que o presidente turco diz estar por trás do frustrado golpe militar do mês passado (o que o visado nega) e quer ver extraditado dos EUA, onde se encontra exilado, na Pensilvânia.
Esta terça-feira, 2, o New York Times divulgou os últimos números da mega purga ordenada por Erdogan, que está a atingir milhares de pessoas. Verifique a dimensão da limpeza.
21 700 responsáveis do Ministério da Educação despedidos. Estes funcionários públicos tinham a seu cargo funções como as de colocação de professores e de organização dos currículos escolares.
21 100 professores de escolas privadas suspensos. À suspensão destes docentes, o Governo irá acrescentar o fecho de mais de mil escolas privadas, que considera “infiltradas” por seguidores de Gulen. O plano oficial é converter estas escolas de privadas em públicas, com a contratação de 40 mil novos professores.
10 012 soldados detidos. Os militares, com um papel decisivo na estabilidade do país, estão agora divididos e desacreditados. Desde o golpe falhado, quase metade dos generais e almirantes foram presos ou exonerados, e mais de cinco mil oficiais encontram-se em prisão preventiva, a aguardar julgamento.
Quase nove mil oficiais da polícia expulsos. A justificação dada pelo ministro do Interior foi a de que estes responsáveis policiais apoiaram o golpe de 15 de julho. Mas observadores turcos notam que a quantidade de pessoas atingidas pela purga é, muito provavelmente, bem maior do que o número de conspiradores.
2 745 juízes e procuradores suspensos. Dois juízes do Supremo Tribunal estão entre os suspeitos de serem seguidores de Gulen. O Governo anunciou um plano para contratar cinco mil novos juízes e procuradores.
1 500 reitores universitários obrigados a demitirem-se. Nenhuma explicação lhes foi dada para a ordem governamental que receberam, não sabem quem os vai substituir nem se podem tentar regressar ao cargo que ocupavam.
Mais de 1 500 responsáveis do Ministério das Finanças suspensos. A suspensão ocorreu logo nos dois dias seguintes ao golpe falhado.
Mais de 100 empresas de comunicação social encerradas. Estações de rádio e de TV, jornais, revistas e outros meios de informação foram silenciados pelo Governo. Pelo menos 28 jornalistas foram detidos.
Até onde Erdogan levará esta limpeza?