O número de crianças usadas em ataques suicidas na Nigéria, Camarões, Chade e Níger aumentou de quatro, em 2014, para 44 em 2015. Já a frequência dos atentados suicidas passou de 32 em 2014 para 151 no ano passado.
As consequências são devastadoras dentro das comunidades: As crianças são agora vistas como ameaças.
Ainda segundo dados da UNICEF divulgados esta terça-feira, 75% das crianças usadas pelos extremistas do Boko Haram são raparigas.
E de acordo com uma reportagem da CNN, as meninas não são forçadas a cometer os atentados. Voluntariam-se. Não em consequência de uma lavagem cerebral mas porque o que assim deixam para trás parece-lhes pior: fome e abusos sexuais constantes por parte dos seus sequestradores.
“Vinham buscar-nos. Perguntavam ‘Quem quer ser uma bombista suicida?’ As raparigas gritavaram ‘eu, eu, eu'”. O relato é de Fati (nome fictício), 16 anos, agora num campo de refugiados nos Camarões.
“É só porque querem fugir do Boko Haram. Se lhes derem uma bomba, talvez encontrem soldados e lhes digam ‘tenho uma bomba’ e eles possam removê-la e elas consigam fugir”.
Fati foi sequestrada em 2014, da sua aldeia do nordeste da Nigéria e forçada a casar com um jihadista. A adolescente conseguiu escapar no ano passado, na sequência de bombardeamentos aéreos do exército nigeriano, que permitiram a fuga de centenas de mulheres e meninas.
“Havia tantas raparigas sequestradas que não dava para as contar”, recorda. Entre elas, algumas das mais de 270 raptadas em abri de 2014, num caso que captou a atenção internacional e deu origem à campanha #BringBackOurGirls.