No “Diário de Guantanamo”, que será publicado na próxima terça-feira, Mohamudou Oul Slahi, de 44 anos, descreve espancamentos, ameaças de morte, humilhações sexuais e simulação de execuções. Para além disto, o prisioneiro revela que foi sujeito a “técnicas adicionais de interrogatório” pessoalmente aprovadas pelo então Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld. Slahi alega que lhe vendaram os olhos, que foi forçado a beber água salgada, e levado para o mar num barco de alta velocidade onde foi espancado por três horas enquanto era mergulhado em gelo.
Para tentar terminar com a tortura, escreve, Slahi recorria às mentiras. Ao fazer uma série de falsas confissões, o autor do livro tentava acabar com o tormento da tortura. Exemplo disso mesmo foi quando contou aos interrogadores que planeou explodir a “CN Tower” em Toronto. Quando perguntado se estava a falar a verdade, respondeu: “Não me interessa isso desde que estejam satisfeitos. Por isso, se querem comprar, eu estou a vender.”
Recorde-se que Mohamedou Ould Slahi foi detido em Novembro de 2001 no seu país natal, a Mauritânia, e levado para Amman por militares da Jordânia onde foi interrogado e onde ficou por mais sete meses. Foi então “transferido”, pela CIA, para a base aérea de Bagram, no Afeganistão e levado para Guantanamo em Agosto de 2002. O prisioneiro é suspeito de envolvimento num esquema para bombardear Los Angeles em 1999.
Depois de duras batalhas legais, Slahi consegue publicar o diário que escreveu entre 2005 e 2006. Depois da adminsitração norte-americana desclassificar, em 2013, as informações incluídas no diário de Slahi, este chega às bancas em forma de livro.
Mohamedou Ould Slahi continua detido em Guantanamo, apesar de nunca ter sido formalmente acusado de qualquer crime. O prisioneiro já viu ser-lhe concedido, em 2010 um habeas corpus, mas continua em Guantanamo a aguardar os sucessivos recursos que o Departamento de Justiça tem interposto, com sucesso, para evitar a sua libertação.