A página principal do semanário foi divulgada segunda-feira, dois dias antes da publicação da revista, que sairá quarta-feira. No `cartoon` da primeira página da edição especial, que terá um fundo verde, Maomé surge com uma lágrima no olho, segurar um cartaz com a inscrição “Je suis Charlie” encimado pela frase: “Tudo é perdoado”.
As encomendas de França e do estrangeiro fazem esperar um número recorde: três milhões de exemplares, em vez do previsto um milhão, quando a tiragem habitual da publicação ronda os 60 mil.
A edição será traduzida em 16 idiomas e a sátira terá ainda outros alvos políticos e religiosos, ou não fosse esse “o espírito de ‘Eu sou Charlie'”, subinhou à Rádio France Info o advogado da publicação, Richard Malka, citado pela a EFE. Esse ‘lema’ amplamente difundido é um “estado de espírito, que também quer dizer o direito à blasfémia”, reforçou, e, por isso, este ‘número um’ incluirá caricaturas de Maomé.
Esta será a primeira edição desde o ataque contra a redação do semanário ocorrido na semana passada em Paris e que provocou 12 mortes, incluindo vários cartoonistas.
Desde quarta-feira passada registaram-se três incidentes violentos na capital francesa, incluindo um sequestro, que, no total, fizeram 20 mortos.
Os atentados começaram com um ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo.
Depois de dois dias em fuga, os dois suspeitos do ataque ao jornal, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, foram mortos na sexta-feira após confrontos com as forças de elite francesas quando abandonaram aos tiros a gráfica onde se barricaram, em Dammartin-en-Goële, nos arredores da cidade.
Na quinta-feira, foi morta uma agente da polícia municipal, a sul de Paris, tendo a polícia estabelecido “uma conexão” entre os dois `jihadistas` suspeitos do atentado ao Charlie Hebdo e o presumível assassino.
Na sexta-feira, ao fim da manhã, cinco pessoas foram mortas num supermercado `kosher` (judaico) do leste de Paris, numa tomada de reféns, incluindo o autor do sequestro, que foi igualmente morto durante a operação policial.