A antiga candidata ambientalista à presidência do Brasil, Marina Silva, terceira classificada na primeira volta das eleições, declarou, este domingo, o seu apoio a Aécio Neves, na corrida contra a Presidente, Dilma Rousseff.
“Tendo em vista os compromissos assumidos por Aécio Neves, declaro o meu voto e o meu apoio neste segundo turno. Votarei em Aécio e apoiá-lo-ei, votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e do seu partido e, principalmente, entregando à sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos”, disse hoje Marina Silva (Partido Socialista Brasileiro).
Referindo-se ao manifesto lido por Aécio Neves este sábado, no qual se comprometeu com a maioria das propostas da candidata ecologista, Marina Silva sublinhou hoje ver esse documento “como uma carta de compromisso para com os brasileiros e a nação”, rejeitando “qualquer interpretação” de que a posição seja dirigida a si, em busca de apoio.
“Faço esta declaração como cidadã brasileira independente, que continuará livre e coerentemente as suas lutas e batalhas no caminho que escolheu. Não estou com isso a fazer nenhum acordo ou aliança para governar. O que me move é a minha consciência e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas”, declarou.
Este apoio surgiu depois de o social-democrata Aécio Neves se ter comprometido, este sábado, com a maioria das propostas da candidata ecologista, numa tentativa de conseguir o apoio da candidata derrotada para a segunda volta das presidenciais, marcadas para dia 26 de outubro, em que defrontará Dilma Rousseff.
Os compromissos de Aécio Neves estão detalhados num manifesto que o próprio leu perante apoiantes de Marina Silva, numa ação de campanha no Recife, capital do estado de Pernambuco, região onde a ambientalista venceu por uma margem maior.
O candidato prometeu dar prioridade à demarcação de terras indígenas e defendeu a ampliação da reforma agrária e dos programas sociais existentes.
A 08 de outubro, três dias depois da primeira volta eleitoral, o PSB declarou o apoio a Aécio Neves para impedir a reeleição de Dilma Rousseff.
A Presidente brasileira, 66 anos, do Partido Trabalhista (PT, esquerda), venceu na primeira volta das eleições presidenciais, com 41,59% dos votos, contra 33,55% obtidos por Aécio Neves, 54 anos.
“O voto não é de ninguém”, lembra Dilma
Dilma Rousseff, que se recandidata ao cargo de chefe de Estado do Brasil respondeu prontamente, dizendo que o apoio manifestado por Marina Silva ao candidato Aécio Neves não implica uma transferência “automática” de votos, na segunda volta das presidenciais.
“O voto não é de ninguém. É de quem vai às urnas e vota. Não é propriedade nem minha nem de qualquer candidato. É do cidadão”, disse Rousseff em conferência de imprensa em São Paulo.
Dilma pediu “respeito pela autonomia e independência de cada cidadão” depois de Marina Silva, a candidata que ficou em terceiro lugar na primeira volta com 21,1 por cento dos votos ter anunciado o apoio ao candidato do PSDB, Aécio Neves.
Rousseff disse que “compreende” a decisão de Marina Silva, pela “proximidade” com as propostas económicas de Aécio Neves e as divergências com os programas sociais do Partido dos Trabalhadores (PT).
Dilma Rousseff disse também que os brasileiros vão, no dia 26, escolher uma de duas “visões”, sublinhando que o PT tem “um compromisso com o povo” e Neves que considerou “retrocesso”.
“Os que estão do lado do adversário representam uma visão económica que quando esteve no governo levou o país à ruína três vezes”, disse Rousseff.
De acordo com a Presidente brasileira, os governos do PSDB, no poder entre 1992 e 2003, estavam em falência porque as reservas de divisas eram “muito menores” que a dívida externa.
Os governos do PSDB, com os Presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, aplicaram planos de estabilização económica no quadro da recuperação da grave crise financeira dos anos 1980.
Para Dilma Rousseff, as políticas do PSDB provocaram altas taxas de inflação e desemprego.
A candidata à reeleição disse também que se Neves vence a segunda volta das presidenciais a continuidade dos programas sociais ficam em risco, entre os quais o plano de habitação a preços populares aos mais necessitados.