O próximo passo da investigação passa agora por descobrir se a bala que atingiu mortalmente Douglas Rafael da Silva Pereira, de 25 anos, conhecido como “DG”, foi disparada a partir de uma arma de um agente ou de um traficante, indicou a polícia, citada pelo portal de notícias G1.
Todos os polícias negaram ter disparado contra o bailarino, cuja morte, na noite de terça-feira, desencadeou uma onda de protestos na favela do Pavão-Pavãozinho de Copacabana, bairro turístico do Rio de Janeiro.
Segundo o comissário Gilberto Ribeiro, responsável pelo inquérito à morte do dançarino, não existem contradições nos depoimentos dos polícias militares envolvidos no caso.
As armas foram sujeitas a uma primeira perícia e ainda não foram devolvidas à força policial da favela do Pavão-Pavãozinho.
Segundo os amigos de Douglas Rafael da Silva Pereira, o dançarino de um programa da Televisão Globo foi espancado até a morte pelas forças de segurança, depois de se refugiar numa escola da favela, que tem uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde dezembro de 2009.
O jovem foi a enterrar esta quinta-feira sob um clima de protesto e revolta, com centenas de pessoas a gritarem “Justiça!” e “Polícia assassina”.
Depois do funeral, a multidão decidiu fazer uma marcha “pacífica” até à favela, numa manifestação que acabou por resvalar em confrontos com as autoridades. Jovens bloquearam o trânsito levando a polícia a intervir, a qual recorreu ao uso de gás pimenta e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
Ao início da tarde de sábado foi a enterrar, também no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, o corpo de Edílson da Silva dos Santos, de 27 anos, morto, com um tiro na zona do rosto, durante um protesto da noite de terça-feira na favela devido à morte de Douglas Rafael da Silva Pereira.
Uma investigação está em curso para determinar a origem do disparo que o atingiu mortalmente.
Os tumultos da noite de terça-feira ilustram a grande dificuldade com que as autoridades do Rio de Janeiro se deparam em aplicar a política de “pacificação” das favelas nas vésperas do Mundial de Futebol (12 de junho a 13 de julho) e dos Jogos Olímpicos, de 2016.