Sempre que o Vaticano entende ser melhor afastar um bispo, seja por problemas de conduta ou de gestão, a política mais usual é a de persuadir o bispo em causa a demitir-se. Mas Bento XVI parece preferir métodos mais diretos. Só no ano passado demitiu três bispos. William Morris, da Austrália, foi afastado depois de ter apelado à Igreja que considerasse a ordenação de mulheres e de homens casados. Dois outros bispos, um do Congo e outro italiano foram retirados dos cargos por problemas de gestão nas respetivas dioceses.
Agora foi a vez de Robert Bezak, um bispo eslovaco, abrindo a especulação sobre se fará o mesmo com os que estão envolvidos em casos de alegados abusos sexuais.
Face aos processos em curso nos EUA que visam considerar o Papa como responsável pelos abusos cometidos pelos padres, o Vaticano tem argumentado que os bispos têm relativa independência e que o Papa não os controla, pelo que não pode ser considerado responsável pelas suas ações. Esta atitude de demitir bispos de forma ativa – e não simplesmente aceitar a sua saída – parece minar o argumento da Santa Sé.
“Se um papa pode despedir um bispo, isto implica que é seu supervisor”, lembra à Associated Press, Nick Cafardi, um especialista norte-americano em direito canónico.