Os dossiês militares, obtidos pelo New York Times e pelo The Guardian, são compostos por 759 documentos “secretos”, que incluem informação sobre quase todos os detidos em Guantanamo, desde que a polémica prisão abriu, em 2002, no rescaldo da guerra no Afeganistão.
Os documentos mostram como, ao lado de detidos considerados perigosos terroristas, Guantanamo recebeu e manteve prisioneiros com base nos mais “débeis” argumentos, na expressão usada pelo The Guardian, ou em confissões obtidas com recurso a tortura.
De acordo com os jornais, entre os detidos que se provaram inofensivos esteve um aldeão afegão de 89 anos, que sofria de demência, e um rapaz de 14 anos, uma vítima inocente de rapto. O idoso foi levado para Guantanamo para ser interrogado sobre “números de telefone suspeitos”, enquanto o adolescente chegou a Cuba devido ao “seu possível conhecimento de líderes talibans locais”. Pela mesma razão esteve também preso um cidadão britânico. Detido numa prisão taliban, foi levado para Guantanamo por poder ter informação sobre os radicais.
Um dos documentos, de 17 páginas, contém conselhos aos interrogadores sobre as formas de identificar possíveis terroristas. Um dos sinais, lê-se, é a posse de um modelo particular de um relógio Casio.
Apesar de o presidente Obama ter ordenado o encerramento de Guantanamo há dois anos, a prisão na base cubana continua a albergar 172 pessoas.