Mais de uma dezena de pessoas morreram e várias dezenas ficaram feridas quando as forças israelitas efetuaram um raide contra um navio turco da frota pró-palestiniana que transporta ajuda para a Faixa de Gaza, indicou fonte militar israelita, de acordo com a agência de notícias Associated Press. O Canal 10, uma televisão privada israelita, avança com pelo menos 15 vítimas mortais.
Vários estabelecimentos hospitalares receberam ordem das autoridades para se prepararem para receber feridos.
O ministro israelita da Indústria e do Comércio, Binyamin Ben Eliezer, lamentou hoje “todas as mortes” ocorridas na intervenção de comandos israelitas contra a frota pró-palestiniana que transporta ajuda humanitária para Gaza.
“As imagens não são simpáticas, posso apenas exprimir o meu lamento por todas as mortes”, declarou, numa primeira reação oficial israelita, Ben Eliezer, que se encontra no Qatar para uma reunião do Fórum Económico Mundial (WEF).
“Esperavam os nossos soldados com machados e facas e quando, além disso, alguém tenta tirar-vos a vossa arma, começa-se a perder o controlo da situação, o incidente começou assim e não sabemos como terminará”, acrescentou.
“Sei que vai tornar-se num caso grave e espero que os árabes israelitas reajam de forma razoável”, acrescentou o ministro, em alusão a possíveis manifestações da minoria de árabes israelitas, uma comunidade com 1,2 milhões de pessoas.
“Não tínhamos qualquer intenção de abrir fogo mas houve uma enorme provocação”, afirmou.
Turquia alerta para graves consequências
Entretanto, a Turquia alertou Israel para “consequências irreparáveis” nas relações bilaterais, após o mortífero raide israelita contra a frota de ajuda humanitária pró-palestiniana, que conta com barcos turcos, anunciou o ministério dos Negócios estrangeiros turco.
“Condenamos fortemente estas práticas desumanas de Israel”, declarou o ministério num comunicado.
“Este incidente deplorável, que teve lugar em alto mar e constitui uma violação clara da lei internacional, pode provocar consequências irreparáveis nas nossas relações bilaterais”, acrescentou o comunicado.
Israel eleva nível de alerta
Na sequência deste incidente a polícia israelita elevou hoje o seu nível de alerta em Israel para fazer frente a “eventuais desordens” entre os árabes israelitas, anunciou um porta-voz da polícia.
“Elevámos o nosso nível de alerta no território nacional para fazer frente a eventuais desordens”, afirmou o porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld.
Segundo a rádio pública, a polícia começou mobilizar reforços para Jerusalém, Jaffa, perto de Telavive, e Galileia. Tratam-se de regiões onde a população árabe é particularmente numerosa.
Hamas apela a levantamento
Por seu lado, o movimento islamita palestiniano Hamas apelou hoje aos árabes e aos muçulmanos que façam um “levantamento” frente às embaixadas de Israel.
“Apelamos a todos os árabes e muçulmanos que se juntem frente às embaixadas sionistas do mundo inteiro”, declarou um porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abou Zouhri.
Em comunicado, o chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismal Haniyeh, criticou o “ataque bárbaro” contra a frota internacional de ajuda humanitária.
Haniyeh exortou às Nações Unidas que protejam os ativistas pró-palestinianos a bordo dos barcos da frota de ajuda humanitária.