O PS está à beira da segunda maioria absoluta da sua história. Uma sondagem da Intercampus para o Jornal de Negócios e para o Correio da Manhã, divulgada esta sexta-feira, mostra que, se as legislativas fossem hoje, António Costa conseguiria 37,9% dos votos. Um resultado que levaria à eleição de 114 deputados dos 230 deputados que se vão sentar na Assembleia da República nos próximos quatro anos.
Na prática, o PS estaria a dois deputados da maioria absoluta. Mais do que quem vence as eleições, a questão que se tem colocado nos últimos meses é quão lata poderá ser a vitória do PS, que tem, sucessivamente, surgido destacado nas sondagens.
Neste trabalho da Intercampus, o PSD consegue 23,6% das intenções de voto. O que significa que, a pouco mais de três semanas das eleições, Rui Rio fica a uma distância de 14,3% dos votos, face aos socialistas. Um resultado que ganha nova relevância depois de, esta semana, em entrevista à Antena 1, o líder do PSD ter admitido que a liderança do partido também está em jogo nas legislativas de 6 de outubro.
“Claro, isso [a liderança] joga-se sempre, se o PSD tivesse um resultado baixíssimo, o que é que uma pessoa fica lá a fazer? Em cada resultado eleitoral, seja qual for, joga-se sempre o futuro de cada líder partidário, em qualquer parte do mundo”, disse o ex-autarca. Sem apontar uma fasquia mínima a partir do qual a sua posição à frente do PSD ficaria insustentável, Rio reconheceu, pela primeira vez, que não é indiferente ao resultado que venha a conquistar. “Obviamente que 20% era muito mau, mas o resultado que, antes de 6 de outubro, o PSD e o PS têm de definir para si é a vitória”, disse o líder social-democrata.
Os 23,6% de votos que a sondagem atribui a Rui Rio traduzir-se-iam em 67 deputados eleitos. Se lhes somarmos os nove deputados que o CDS conseguiria eleger com os seus 6,3% de votos, estaria em causa a perda de 31 lugares, quando comparado com o resultado que a coligação Portugal à Frente (PàF) elegeu em 2015, quando Pedro Passos Coelho e Paulo Portas concorreram coligados às eleições.
Esquerda recua e PS surpreende
As perdas não acabam nos partidos da direita. Há, aliás, uma certa reconfiguração de lugares e surpresas que se transformam em autênticos grupos parlamentares. Mas vamos por partes.
À esquerda, Bloco de Esquerda e PCP saem beliscados desta sondagem. O partido de Catarina Martins segura o título de terceira força parlamentar, conseguindo eleger 18 deputados (menos um que a bancada atual), mas perde quatro décimas e desce para 9,8% dos votos. Já Jerónimo de Sousa está em contradição. Se, por um lado, a CDU reforça a votação, com uma previsão de 8,6% dos votos, isso não impede os comunistas de perder, também eles, um lugar na Assembleia da República. A coligação PCP-PEV ficaria com 16 deputados.
O PAN seria a tal surpresa renovada. Se, há um ano, André Silva conseguiu romper com o status quo, ao conquistar um lugar no Parlamento, nesta sondagem mais recente o partido salta para os 5,2% dos votos (apenas a um ponto do CDS), podendo conquistar seis lugares.
Há ainda outro dado a reter da sondagem. A categoria “Outros” recolhe 8,6% das intenções de voto. Não são discriminados partidos, mas o Aliança, a Iniciativa Liberal, o Chega e o Livre vão sendo apontados, pelos analistas, como potenciais candidatos à eleição de, pelo menos, um deputado à Assembleia da República. As contas certas fazem-se na noite de 6 de outubro.