As subidas agressivas das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE), iniciadas em julho do ano passado para tentar travar a inflação, acabaram por se revelar também uma espécie de jackpot para os bancos. Na Europa, o setor financeiro é o que mais tem conseguido aumentar os lucros num contexto de perda acentuada de poder de compra para uma parte significativa da população. E em Portugal esse cenário também se confirma, já que os bancos alcançaram resultados históricos no arranque de 2023, alimentados pelos ganhos cada vez maiores obtidos na diferença entre o que cobram pelos empréstimos e o que pagam pelos depósitos.
Só nos primeiros três meses do ano, os cinco maiores bancos a operar em Portugal – CGD, BCP, Santander, Novo Banco e BPI – alcançaram um lucro consolidado acumulado de €919 milhões, mais 50% do que no mesmo período do ano passado. São resultados históricos e bem acima do que se tinha verificado nos mesmos períodos da última década. “O principal fator para esta melhoria nos últimos trimestres tem sido principalmente a margem financeira”, explica Nicola De Caro, analista da DBRS, em entrevista à VISÃO (ver caixa). Este indicador representa o ganho das instituições financeiras nas operações de crédito e de depósitos e tem aumentado de forma significativa desde que o BCE começou a carregar no acelerador das taxas de juro.
