Vladimir Putin contava com um inverno frio e longo para castigar os países europeus pelo apoio que têm concedido à Ucrânia. A estratégia envolvia cortar o gás, de forma a piorar a crise energética nestes meses que costumam ser mais frios e de picos no consumo. Mas o objetivo de Moscovo de congelar a atividade económica na Europa falhou. O Velho Continente vive um dos invernos mais quentes de sempre, pulverizando recordes de temperaturas máximas e com estâncias de esqui que ainda não viram um floco de neve. O tempo bem menos frio do que o habitual, a par de condições meteorológicas que possibilitaram um maior recurso a eólicas e de medidas tomadas pelos países europeus para diversificar fornecedores e poupar energia, serviram como um escudo poderoso para resistir à pressão energética russa.
A apreensão que existia até há bem pouco tempo de que a Europa ficasse paralisada e tivesse de adotar medidas draconianas para sobreviver ao fim do gás russo aparenta ter sido dissipada. Há dados importantes que indiciam que a Europa conseguiu construir uma fortaleza para lidar com o fecho da torneira por parte de Moscovo. A 7 de janeiro, os Estados-membros tinham 83,2% da capacidade de armazenamento de gás preenchida, um valor bem superior ao nível de 51,2% no mesmo período do ano passado e à média de 67% dos últimos cinco anos. A recuperação foi forte, já que, em março do ano passado, este indicador era apenas de 25%.