Portugal crescerá em 2023 ao ritmo mais rápido de há mais de 30 anos. Não é estranho ler esta frase? Afinal, andamos há meses a falar de uma crise. A aparente contradição deve-se à singularidade dos desafios económicos que enfrentamos. Ao contrário daquilo a que nos habituámos no passado, eles não se refletem numa explosão do desemprego ou num descontrolo das contas públicas, mas em saltos brutais dos preços, acompanhados de um aperto monetário agressivo e de um Governo conservador na atuação. Mesmo sem recessão, 2023 pode ser um ano de purgatório para as famílias portuguesas: os juros já atingiram em cheio as prestações da casa, mas ainda não serão capazes de tirar-lhe dos ombros o peso da inflação, que crescerá a um ritmo mais baixo mas ainda assim muito elevado.
Os últimos dados de que dispomos para a economia portuguesa são uma fonte de otimismo. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 4,9% no terceiro trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. Face ao trimestre anterior, o salto foi de 0,4%, quando as previsões dos economistas apontavam para um intervalo entre -0,5% e 0,3%.