Quase 650 mil milhões de dólares. Foi esse o valor que o Fundo Monetário Internacional (FMI) injetou, no final de agosto, nas reservas de todos os países do mundo. Embora seja um montante muito elevado – quase o triplo do PIB português –, a operação praticamente passou despercebida. Isso explica-se pela sua complexidade e pela pouca utilidade para países como Portugal ou os Estados Unidos da América. No entanto, ela poderá ser determinante para os países mais pobres enfrentarem os desafios da crise pandémica. E pode até ser relevante no campo geopolítico, na capacidade de pressionar o futuro governo talibã, no Afeganistão.
Em causa está aquilo que se chama “direitos especiais de saque”, SDR na sigla original em inglês. Os SDR são os ativos de reserva do FMI, constituídos por um cabaz das cinco maiores divisas mundiais. Criados em 1969, funcionam como uma espécie de moeda artificial do FMI. Embora não possam ser usados para comprar coisas, eles ajudam as reservas dos países, ao poderem ser trocados por outras moedas, como dólares ou euros. A 27 de agosto, um SDR valia cerca de 1,2 euros.