De um dia para o outro, o discreto António Costa Silva tornou-se uma presença mediática regular. O convite do primeiro-ministro para desenhar uma visão estratégica para os próximos dez anos atirou-o para debaixo dos holofotes. Conferências, entrevistas e, agora, um livro. Em Portugal e o Mundo Numa Encruzilhada, o gestor expande o seu olhar sobre os desafios que enfrentamos. À VISÃO, falou sobre as dificuldades de diálogo no País, as limitações do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o que a pandemia lhe ensinou.
Desde que o Governo o convidou para desenhar a Visão Estratégica para o PRR, a sua intervenção pública foi aumentando. Este livro é mais uma prova disso. Ganhou–lhe o gosto?
Houve alguma intensificação, mas não é nada que me agrade, porque normalmente sou discreto. Mas não fujo à aventura de pensar. Interrogar os paradigmas existentes é crucial para responder aos grandes problemas. O livro surgiu de um desafio da Bertrand e é mais uma intervenção no âmbito da cidadania. Estamos mesmo numa encruzilhada e a pandemia é só a ponta do icebergue, um grito de alerta sobre a destruição da biodiversidade, que pode gerar novas pandemias. Temos um modelo de desenvolvimento esgotado, que se baseia no consumo de recursos do planeta, que gera riqueza, mas não uma distribuição justa, e penaliza os sistemas ambientais.