
De um lado, contágios diários recorde, números de mortos a disparar, sistemas de saúde perto do esgotamento, milhões de pessoas trancadas em casa, lojas fechadas e restaurantes vazios. Do outro, uma pandemia controlada, atividade económica em forte crescimento, turistas a viajar, filas para entrar em restaurantes, festivais de música lotados e recordes de consumo. Europa e Estados Unidos preparam-se para viver um inverno bastante mais deprimente do que a China. O gigante asiático, onde se detetaram os primeiros casos de Covid-19, evitou uma segunda vaga da doença e será, muito provavelmente, a única grande economia a crescer este ano. Sairá desta pandemia mais perto de regressar ao lugar que ocupou durante séculos como potência dominante. O que significará para o resto do mundo?
A China está a viver aquilo que o mundo ocidental sonhou poder ser a sua recuperação. Após uma quebra no segundo trimestre, à semelhança de grande parte dos países, Pequim entrou numa retoma em V, puxada essencialmente pelo investimento. Entre julho e setembro, a economia cresceu 4,9% em comparação com o mesmo período de 2019. Mais de metade deste crescimento veio do investimento, seguido do consumo, e até com as exportações líquidas a darem uma ajuda. Enquanto a realidade da maior parte das grandes economias será pintada a vermelho, o FMI espera que a China cresça 1,9% este ano e 8,2% em 2021. O Instituto Peterson para Economia Internacional (PIIE) é mais otimista e espera 3% e 6%, respetivamente. A confirmar-se, Pequim sairá desta crise com maior vantagem económica e política face aos seus rivais.
“Em 2021, a economia chinesa será 10% maior do que era em 2019. Ao mesmo tempo, quase todas as outras grandes economias do mundo verão a sua produção de riqueza encolher. Portanto, a economia chinesa estará numa posição mais dominante pós-Covid-19”, explica Tianlei Huang, investigador do PIIE, à VISÃO. Embora os EUA ainda sejam vistos como a maior economia do mundo, quando ajustamos o PIB ao poder de compra de cada país, a China já está no topo da montanha há alguns anos. No final da Guerra Fria, os EUA representavam perto de 22% da economia mundial, a China 4%. Em 2019, o peso dos EUA tinha caído para 16%, enquanto o da China disparou para quase 19%. Agora, o fosso deverá ficar maior. Em 2021, quase um em cada cinco euros da riqueza mundial virá do Império do Meio.
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