Os critérios de concessão de crédito ficaram mais restritivos, nomeadamente nos empréstimos de longo prazo, no caso das empresas, e no crédito ao consumo, nos particulares, refere o Banco de Portugal (BdP).
“A contribuir para esta evolução terão estado a tolerância face aos riscos e a perceção de riscos associada à situação e perspetivas económicas gerais, à qualidade creditícia do mutuário e, ainda, os riscos associados às garantias exigidas, no caso do crédito a empresas”, lê-se no documento.
Registou-se um “um aumento da restritividade nas garantias exigidas a empresas e no ‘spread’ aplicado a empréstimos a PME (pequenas e médias empresas] de maior risco, e um ligeiro aumento da restritividade no rácio entre o valor do empréstimo e o valor da garantia, no crédito à habitação”, prossegue.
“A proporção de pedidos de empréstimo rejeitados aumentou, em ambos os segmentos de crédito, mas especialmente no caso dos particulares, tanto para habitação como para consumo”, acrescenta.
O inquérito foi enviado aos bancos no dia 05 de junho e o envio das respostas ocorreu até 23 de junho.
Para o terceiro trimestre deste ano, “os bancos antecipam critérios de concessão de crédito mais restritivos em empréstimos a PME e ligeiramente mais restritivos no crédito ao consumo”.
No segundo trimestre, a procura de empréstimos por parte das empresas “aumentou fortemente”, nomeadamente nas PME e em empréstimos de longo prazo. No sentido inverso, assistiu-se a uma forte diminuição no caso dos particulares, em todos os tipos de crédito, com especial destaque no crédito ao consumo.
“O aumento da procura por parte das empresas terá sido motivado pelo financiamento de existências e de necessidades de fundo de maneio e, em menor grau, pelo refinanciamento ou renegociação da dívida e pela necessidade de financiamento criada pela situação atual quanto à geração interna de fundos”, refere o inquérito do BdP.
“Por sua vez, o financiamento do investimento terá contribuído para uma redução da procura”, salienta.
No caso dos particulares, “a confiança dos consumidores foi o principal fator indicado para a redução da procura, além de despesas de consumo relativas a bens duradouros, no caso do crédito ao consumo, e as perspetivas do mercado da habitação, no caso do crédito à habitação”.
No terceiro trimestre, que arrancou em julho, “os bancos anteveem um aumento da procura de crédito por parte das empresas, transversal ao tipo de empresa e maturidade do empréstimo, e uma virtual estabilização, no caso dos particulares”.
Para os próximos seis meses, “as instituições esperam aplicar critérios ligeiramente mais restritivos nos setores dos serviços e construção de edifícios e atividades imobiliárias, assim como termos e condições ligeiramente mais restritivos na generalidade do setor da construção”, referem.
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