“É algo que a UE [União Europeia] não tem atualmente em prática (…), ainda está a trabalhar para ter um regime de sanções semelhante. Isto mostra o Reino Unido a avançar com o seu primeiro sistema de sanções independente da UE, e é bastante significativo”, afirmou hoje o especialista em segurança e crime financeiro do instituto Rusi.
O Reino Unido saiu formalmente da UE a 31 de janeiro, apesar de continuar a cumprir o regime de sanções do bloco europeu durante o período de transição, até 31 de dezembro.
Hoje, o Governo britânico anunciou um novo mecanismo de sanções a 49 entidades e indivíduos, incluindo 25 cidadãos russos envolvidos na morte de Sergei Magnitsky e 20 sauditas envolvidos na morte do jornalista Jamal Khashoggi.
A lista inclui dois generais militares do Myanmar envolvidos na repressão contra o povo rohingya e outras minorias étnicas e duas organizações envolvidas no trabalho forçado, tortura e mortes em campos da Coreia do Norte.
O Governo britânico considera que este regime cria “novos poderes para impedir que pessoas envolvidas em graves violações de direitos humanos entrem no Reino Unido, canalizem dinheiro através de bancos britânicos e tirem proveito da economia” do país.
O objetivo é punir os visados independentemente do regime normal de sanções geográficas alargado ao país inteiro, em particular pelo homicídio contra jornalistas ou violações e abusos motivados por motivos de religião ou crença.
Emil Dall referiu que a ideia de um regime de sanções contra o desrespeito dos direitos humanos já existe no Canadá e estados Unidos, neste último caso também conhecida por Lei Magnitsky dos EUA, adotada em 2012 e criada para punir responsáveis pela morte do advogado russo que denunciou vários casos de corrupção na Rússia.
De certa forma, disse hoje a jornalistas por videoconferência, o Reino Unido já estava a aplicar as sanções porque “aqueles que são alvo dos EUA já estão na lista negra da maioria das instituições financeiras e grandes bancos britânicos”.
O governo britânico prometeu acrescentar mais nomes à lista, mas Dall acredita que qualquer referência à China ou Hong Kong deverá ser feita “em coordenação com os EUA”.
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Lusa/fim