As criptomoedas, que enfrentaram fortes perdas de valor desde janeiro, vão continuar a experimentar volatilidade nos próximos anos. Mas a convicção entre três especialistas e investidores no setor é de que estes instrumentos vieram para ficar e vão acabar por se generalizar e devolver o poder aos consumidores através da sua gestão descentralizada.
“Vamos ver todos os tipos de volatilidade. (…) A má política vai lutar para tentar usar o seu poder mas a boa política vai estimular os seus países a usar a criptomoeda,” considerou Tim Draper, da capital de risco Draper Associates, que esta terça-feira esteve na Web Summit a analisar o estado da arte das moedas digitais. Desde o final do ano passado que a bitcoin, por exemplo, perdeu mais de metade do seu valor, atribuído a receios quanto à segurança associada às transações, correções de mercado ou questões que impediram a entrada de grandes players tradicionais no mercado das criptomoedas.
“Estava notoriamente errado quanto ao comportamento no futuro,” admitiu Peter Smith, CEO da Blockchain, uma das principais gestoras de carteiras de criptomoedas. “O criptomercado é muito pequeno. Há muito espaço para crescer, mas temos de ser um pouco mais humildes.E nos próximos anos aumentar a plataforma é fundamental para crescer,” acrescentou.
Draper e Smith argumentaram ainda que o recurso às criptomoedas é uma forma de devolver poder aos consumidores, tornando-os parte do processo de segurança e de governance da gestão e opondo a caraterística de moedas descentralizadas ao dinheiro “tradicional” gerido pelos bancos centrais. “Vamos recuperar poder para (…) que as pessoas nesta sala tenham poder de escolha, descentralizando o marketplace para devolver o poder ao consumidor,” corroborou Garry Tan, Initialized Capital.
Mas para isso é necessário primeiro que as criptomoedas se tornem vulgares nas carteiras do cidadão comum, algo que Tim Draper diz que acontecerá quando uma grande marca, como a Starbucks por exemplo, passar a aceitá-las como meio de pagamento e facilitando o seu uso. “Será uma escolha fácil, temos de pressionar para que aconteça. E isso passa por comprar bitcoin, pô-la numa Ledger [uma das carteiras], sentir essa moeda,” defendeu.
Ou, como tinha feito Peter Smith ainda antes do início da sessão, ao anunciar a oferta, a cada um dos participantes da Web Summit, do equivalente em 25 dólares na criptomoeda Stellar (cerca de 100 unidades). Esta distribuição – “airdrop” vai ainda abranger os milhões de utilizadores da plataforma, ascendendo a um total de 125 milhões de dólares disponibilizados nesta criptomoeda.
Com a Bitcoin na casa dos 5 600 dólares – chegou a estar nos 15 000 no final do ano passado- ninguém quis avançar previsões sobre onde estará a criptomoeda dentro de um ano. Smith e Tan, ainda assim, confessaram-se “muito otimistas” em relação à sua evolução.