Está oficialmente aberta, desde as 20h11, a segunda edição da Web Summit em Lisboa, este ano com quase 60 mil participantes, entre empreendedores, investidores e oradores. Ainda não dá para encher o Estádio da Luz, mas com os elementos da organização, da comunicação social e os fornecedores o número sobe para 81 mil pessoas e já não haveria lugar para todos.
Vem e traz outro amigo também, a lembrar a canção de Zeca Afonso, parece ser o lema de Paddy Cosgrave, que, dando o exemplo, pela primeira vez trouxe a mulher e o pai à cimeira tecnológica em Portugal, além do filho recém-nascido. E, fora do alinhamento divulgado da cerimónia de abertura, apareceu de surpresa Stephen Hawking. O conhecido físico teórico britânico irrompeu pelos ecrãs do Altice Arena para deixar uma mensagem gravada sobre os avanços da Inteligência Artificial e os desafios da Humanidade para fintar os perigos que ela também representa. “Temos de os eliminar com antecedência e pô-la ao serviço do bem”, salientou Hawking, “otimista” quanto à capacidade dos cientistas para encontrar as melhores soluções.
Nuno Sebastião, cofundador e CEO da Feedzai, uma das startups nacionais de maior sucesso, teve a honra de apresentar o convidado surpresa e lançar o tema, comparando os empreendedores de hoje aos exploradores portugueses do tempo dos Descobrimentos, que partiram “à descoberta do desconhecido”, e apelando à necessidade de criar um “código de ética” de modo a garantir que a Inteligência Artificial “é usada para o bem”.
Essa foi, aliás, uma mensagem dominante. A dinamarquesa Margrethe Vestager, comissária europeia da Concorrência, alertou para a imperiosidade de os algoritmos serem transparentes e regulados, para que se “comportem” dentro das regras e não ao sabor “dos truques” a que as empresas recorrem, por exemplo, para fugir aos impostos ou alimentar a concorrência desleal. E António Guterres desafiou “governos, cientistas, investigadores, académicos e a sociedade civil” a trabalharem em conjunto para que a revolução tecnológica em marcha sirva as pessoas. O secretário-geral das Nações Unidas apontou duas prioridades: conter as alterações climáticas e combater a desigualdade, que chegou a um ponto em que “oito homens têm uma riqueza igual à de metade da Humanidade”.
Paddy Cosgrave chamou ainda ao palco Bryan Johnson, fundador da Kernel, que destoou ao centrar a sua intervenção “no futuro da raça humana”, concretamente na importância de conhecer o cérebro humano e otimizá-lo, de forma a curar doenças, por exemplo.
Para a “cena” final, o anfitrião irlandês convocou António Costa e Fernando Medina, que aproveitaram para lançar charme aos visitantes estrangeiros e pedir aos compatriotas para agarrarem esta oportunidade de ter a Web Summit por cá, outra vez. “Estamos sempre à vossa espera, como turistas, empreendedores ou amigos”, despediu-se o primeiro-ministro. “Bem-vindos a casa”, rematou o autarca de Lisboa.