Bastava terem nascido quadrigémeos para serem notícia mas, dezoito anos depois, Nigel, Zach, Aaron e Nick voltam a dar nas vistas. A meses de entrarem na universidade, os quatro irmãos Wade, naturais de Liberty Township, Ohio, nos Estados Unidos, conseguiram a proeza de serem aceites em duas – não em uma, mas em duas – das mais disputadas universidades da Ivy League: Yale e Harvard.
A história, contada pelo jornal The Washington Post, relata o momento em que os quadrigémeos ficaram a saber, pelos seus telemóveis, em escassos minutos, que tinham vaga para prosseguir os estudos universitários tanto em Yale como em Harvard, duas das oito mais conceituadas universidades norte-americanas conhecidas pelos rigorosos processos de seleção dos alunos.
“Sinceramente, ainda estamos em estado de choque”, afirmouAaron ao jornal. “A ‘ficha’ ainda não caiu”.
“Senti-me abençoado nesse momento”, disse Nigel. “Foi um sentimento irreal, acho”.
“Sinceramente, ter um filho na família aceite numa escola como estas é incrível”, acrescentou Zach. “Mas ter quatro… – não, não sei como aconteceu”.
Além de Harvard e Yale, os irmãos Wade têm outras opções académicas à escolha, dentro e fora da Ivy League, para tirarem um curso superior nos próximos quatro anos. Só para citar as mais notórias: Nick foi aceite em Duke, Georgetown e Stanford, Aaton entrou em Stanford, Nigel em Johns Hopkins e em Vanderbilt, e Zach na Cornell University.
“Estes resultados surpreenderam-nos”, confessa um atónito Aaron, que ainda é aluno, tal como os irmãos, na Lakota East High School, na cidade onde residem.
Não é para menos. De acordo com as respetivas páginas de Internet, a Universidade de Yale recebeu 32 mil candidaturas para um total de 2 272 vagas. Já Harvard abriu apenas 2 056 vagas para mais de 39 mil candidaturas.
Apesar de a universidades não comentar a sua política de admissões, esta não será a primeira vez que Yale aceita quadrigémeos. Há alguns anos, os irmãos Kenny, Martina, Ray e Carol Crouch já tinham frequentado a prestigiada universidade.
Gémeos mas diferentes
Darrin Wade, 51 anos, pai das quatro “estrelas académicas”, está há muito habituado a surpresas. Quando a mulher, Kim, engravidou, pensaram que iriam ter gémeos. Só semanas depois descobriram que os bebés eram, afinal, quatro, e não dois.
“Lembro-me que, durante a ecografia, disseram-me: Sr. Wade, é melhor sentar-se”. Perguntei: “O que se passa?”. Responderam: “Não são dois. São quatro”. “Foi aí que comecei a tentar perceber como iríamos pagar a educação deles”.
Darrin, funcionário da General Electric, e Kim, diretora de uma escola, pouparam algum dinheiro para a educação dos rapazes. Mas o pai confessa agora que não é suficiente para cobrir as propinas e as despesas de estadia durante os próximos quatro anos em qualquer uma destas universidades de elite. Estão a pesar os prós e os contras de virem a usar o dinheiro guardado para as suas reformas. “Temos de ter a certeza de que os podemos ajudar sem que venhamos a ser um encargo financeiro para eles, quando formos velhos”.
Uma das exigências, tanto de Harvard como de Yale, é a demonstração da situação financeira dos alunos que admitem. Só neste primeiro ano, a entrada em Yale exige um gasto de 64 mil dólares (cerca de 60 mil euros) e, em Harvard, de cerca de 63 mil dólares – entre matrícula, propinas e alojamento). “A parte financeira vai ter um papel muito importante na nossa decisão”, diz Nick.
Sobre os filhos, Darrin diz que são todos muito diferentes.
Aaron, o primeiro a nascer, tem alma de artista e é o mais fraternal dos quatro irmãos. Nick tem maior consciência social e é um leitor compulsivo. Zach tem perfil de engenheiro, ao passo que Nigel “é o mais apto a aprender a fazer algo”. Os quadrigémos tem interesses distintos, refletindo as suas diferenças de personalidade e de objetivos. Nick encara seguir uma carreira na área das relações internacionais, Zack na engenharia e Nigel nas neurociências. Já Aaron pretende estudar ciências computacionais e ciências cognitivas.
Para já, os quadrigémeos ainda não sabem se vão ou não para a mesma universidade. Dispõem ainda de algumas semanas para tomar a decisão. “Estamos em estado de choque. Ainda não acreditamos que fomos aceites”, afirma um incrédulo Nick.
A Ivy League é formada pelas universidades de Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth, Harvard, Pensilvânia, Yale e Princeton, todas situadas no nordeste dos EUA. São conhecidas pelo acesso difícil e pelos custos elevados, mas também pela formação de excelência que dão aos alunos. Em 1954, quando a Ivy League foi formada, era apenas uma associação que reunia os grupos desportivos das oito universidades.