O turismo é bom; o turismo é mau. Traz emprego, aumenta as rendas, dinamiza os centros históricos, expulsa de lá os seus habitantes, as ruas estão cheias de vida, é só hotéis e isto é gentrificar…
A discussão ainda agora começou entre os que vêem no turismo o futuro do País e os que lhe desvendam os males e apontam o exemplo de Barcelona – a cidade tão “inundada” de visitantes que se tornou missão impossível arrendar uma casa nas zonas mais centrais.
O aumento do turismo urbano, em Lisboa e no Porto, tem sido um fenómeno bem visível nos últimos anos e tem ajudado os portugueses a sair da crise. Mas nem tudo são rosas e o aumento dos preços (sobretudo nas rendas das casas, inflacionadas pelo valor dos alugueres de curta duração) tem sido objeto de estudo.
Estudos não faltam e o que a Associação Turismo de Lisboa apresentou esta terça-feira, 7 de fevereiro, surpreendeu a própria instituição. “Nós tínhamos a sensação de que o turismo se dava com Lisboa, o que talvez nos surpreenda é a dimensão da adesão”, disse Vítor Costa, diretor-geral da ATL.
As conclusões do trabalho levado a cabo pela Intercampus mostram que 91% dos residentes na capital e 80% dos que ali trabalham acha que a cidade ganhou mais vida com o turismo.
Além disso, 73% dos habitantes concorda com a seguinte afirmação: “O turismo tem-me ajudado a sentir mais orgulhoso de Lisboa”. Nos bairros históricos, a percentagem é ainda superior.
A maioria dos inquiridos (61%) refere que o turismo não traz nenhuma desvantagem, mas 18% fala em “confusão dos espaços públicos” e apenas 7% refere o “aumento do custo de vida”.
Quanto aos benefícios, uma outra parte do estudo da ATL a cargo da consultora Deloitte é claro: em 2015, o turismo gerou uma receita de 8,4 mil milhões de euros na região de Lisboa, com vantagens significativas para as áreas do alojamento e da restauração.
Representando quase 15% do Produto Interno Bruto da região de Lisboa, o setor do turismo emprega 12,4% da população residente da capital.
Numa década, entre 2005 e 2015, o número de hóspedes passou de 3,5 milhões para 7,3 milhões e o preço médio por quarto subiu de €73,5 para €84,2.