O volume de dinheiro gerido em Portugal por fundos de investimento sofreu uma redução de 3,1% entre outubro de 2014 e o mesmo mês deste ano, descendo dos €11.693 milhões para os €11.335 milhões, segundo os dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP).
O balanço entre novas subscrições (o dinheiro investido pelos aforradores nesses fundos) e as saídas de verbas (o grosso dos quais correspondendo a resgates) saldou-se num desinvestimento líquido da ordem dos € 717 milhões de euros.
Ao olharmos para os dados da APFIPP, constata-se que, em outubro deste ano, 70,6% do volume global de €11.335 milhões se concentrava nas mãos de três entidades gestoras. A Caixagest, o BPI Gestão de Ativos e o Santander Asset Management, com quotas de, respetivamente, 36,6%, 20,1% e 13,9 por cento.
O que são fundos de investimento mobiliários?
Um fundo funciona como uma enorme carteira de títulos, detida por um grande número de subscritores, que investem adquirindo unidades de participação desse fundo. Por sua vez, o fundo (ou, melhor, a entidade gestora que o administra, normalmente ligada a uma instituição financeira), compra e vende os títulos, como ações, obrigações e outros produtos financeiros que compõem a carteira do fundo.
No mercado existem fundos mais ou menos para todos os gostos e para todos os perfis de investimento. Há os fundos monetários ou de tesouraria, orientados para o investimento em títulos de grande liquidez, como depósitos a prazo ou papel comercial; há os de obrigações, os de ações, os de poupança-reforma (os famosos PPR) e os mistos. Entre uma miríade deles, até existem fundos de fundos, cuja carteira é composta por unidades de participação de outros fundos.
São seguros?
Em princípio, nenhum fundo de investimento garante, à partida, qualquer tipo de rendimento, nem sequer a garantia de reembolso do capital investido. Há, porém, algumas exceções. O certo é que também eles se regem pelo velho adágio “quem mais arrisca mais pestica”…
Mas como a sabedoria popular também sabe: quem mais arrisca pode ser também quem mais perde. Ou seja, nos fundos de investimento, também é preciso ter em mente de que a regra de que quanto maior é o risco, maior a rentabilidade de um produto financeiro, também pode ser lida em sentido inverso.
Ou seja, ao aplicar as suas poupanças tem de ter em conta que os fatores de risco estão relacionados com a própria natureza do mercado no qual se investe e até com a própria capacidade da entidade gestora. Mas a grande margem de risco/rentabilidade vem da composição da própria carteira de títulos do fundo. Assim, por exemplo, um fundo de ações é sempre mais ariscado do que um fundo de tesouraria. Mas também mais rentável, quando as coisas correm bem.
Olhe-se novamente para os dados da APFIPP: o fundo Caixagest Japão tinha, em outubro, uma rendibilidade anual de 20,55% – para um nível de risco de 6 (numa escala de 1 a 7); isso ao mesmo tempo que o Caixagest Liquidez se ficou pelos 0,22% para um grau de risco 1. Quem pouco arrisca, pouco ganha, quem muito arrisca pode perder muito.
Quem tem ganho nestes últimos com os fundos, parecem ter sido os mais atrevidos. A ter em conta os dados do setor para a semana de terminada a 13 de novembro, entre o top 10 dos fundos com maior rendibilidade não havia nenhum com um nível risco inferior a 5 (ver quadro abaixo).