“Temos recebido algumas denúncias dos consumidores que se sentem incomodados” por estarem “a receber propostas nas suas casas para concessão de crédito, através do telefone, por e-mail ou por correio, numa altura de crise, em que praticamente não há concessão de crédito e se tem alertado para as suas consequências, disse à agência Lusa a responsável pelo Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS).
Natália Nunes adiantou que os consumidores “não concordam” com esta prática dos bancos devido à conjuntura que o país atravessa.
“É um incentivo [ao crédito], ainda que se saiba que a análise do risco [para a sua atribuição] vai ser mais rigorosa do que era há uns anos”, sublinhou.
No entanto, adiantou, “é algo que os consumidores não veem com bons olhos, porque, neste momento, é reconhecido que alguns dos problemas que hoje temos decorrerem (…) da concessão de créditos de uma forma não muito responsável e da agressividade da banca na concessão de crédito”.
“Temos níveis de crédito malparados elevadíssimos e a verdade é que verificamos que existem instituições de crédito a cometer os mesmos erros do passado e que estão hoje reconhecidos como erros”, acrescentou.
Para Natália Nunes, esta prática “é contraproducente”, porque os bancos ficam com “uma imagem, do ponto de vista do consumidor, algo debilitada, para não dizer uma imagem negativa”.
A Deco tem vindo a alertar para os riscos da contratação de crédito. “O consumidor não deve pensar sequer recorrer ao crédito simplesmente porque está a ser-lhe apresentada uma proposta”, que terá de ser analisada posteriormente pelo banco, advertiu.
De qualquer forma, sublinhou, “é estar a iludir o consumidor e criar-lhe maus hábitos, numa altura em que deveria haver uma preocupação exatamente ao contrário”.
Contactada pela Lusa para comentar as novas propostas de crédito por parte das instituições bancárias, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) afirmou que “a política de distribuição e comercial de cada Banco” é da competência de cada banco.