A expectativa de crescimento económico elevado nos mercados emergentes, farão aumentar ainda mais a procura pelas matérias-primas e colocarão em segundo plano os receios de que a subida dos preços das mercadorias possa estar a criar uma bolha especulativa. Com efeito, existe neste momento uma parcela significativa do globo terrestre, que emerge de um estado de “terceiro-mundo” e que começa a despertar para um conjunto de necessidades (básicas) até aqui inacessíveis ou desconhecidas, que abrangem todo o espectro das mercadorias. O mercado potencial para estes bens vem-se tornando muito mais vasto ao longo dos últimos anos, com o crescimento económico na China, Brasil, Índia,… e assim deverá continuar a ser no futuro, com novos mercados emergentes, Vietname, Indonésia, México, Egipto,etc..Outro sinal desta tendência, resulta do desenvolvimento de novos instrumentos financeiros associados ao investimento em mercadorias. No passado, os investidores usavam quase exclusivamente os contratos de futuros para comprar e vender mercadorias. De resto, esta foi a classe de activos que mais directamente esteve ligada ao surgimento dos instrumentos derivados, nomeadamente pela função de cobertura de risco que a mesma oferece. Presentemente, as alternativas de investimento em matérias-primas são inúmeras. A principal delas será através de Exchange Traded Funds (ETF’s), fundos de investimento que têm a particularidade de serem negociados em Bolsa, podendo ser comprados e vendidos várias vezes por dia, tal como acontece com uma acção. Muitos dos ETF’s mais rentáveis em 2010 tinham como activos subjacentes as matérias-primas. O principal índice de mercadorias registou uma subida de 12% desde o seu mínimo recente em 23 de Novembro, batendo o principal barómetro do mercado de acções americano, o S&P 500 que no mesmo período registou ainda assim uma performance igualmente extraordinária de 8%.
Gráfico do índice Thomson Reuters/Jefferies CRB Index (barómetro das Matérias-Primas) - Fev08 -Jan11
As matérias-primas beneficiam ainda da fraqueza do dólar americano, particularmente as mercadorias denominadas em dólares, uma vez que as mesmas poderão ser compradas por moedas estrangeiras com um custo relativo inferior. Com a manutenção da actual política de baixas taxas de juro defendida pela Reserva Federal Americana, as matérias-primas encontram aqui mais um factor favorável, potenciador da sua valorização.Este “Bull Market” nas matérias-primas (mercado com tendência de subida), não será certamente um “passeio pelo campo”. Nos mercados financeiros, o preço de um activo, num horizonte alargado de tempo, nunca viaja do ponto A para o ponto B em linha recta. Este percurso é sempre o somatório de muitos avanços e recuos. No curto prazo, poderemos estar perante a possibilidade de uma ligeira desvalorização, a qual, estamos convictos, será encarada novamente pelos investidores como uma oportunidade de reforçarem posições numa classe de activos de enormíssimo potencial. Esta volatilidade (variabilidade) nos preços destes activos não é mais do que o prémio de risco que os investidores devem suportar por contrapartida do potencial de valorização elevado associado a este investimento.Mas a nossa mais forte convicção é que nas matérias-primas o ponto B se encontrará num patamar muito superior ao ponto A