Venceu o bronze pela Austrália nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, depois de ter perdido esta sexta-feira a meia final com o cubano Andy Cruz. Harry Garside, um canalizador e pugilista australiano, de 24 anos, ficará na história do seu país que não vencia uma medalha no boxe há mais de três décadas. No entanto, não é por isso que está a despertar atenção mediática. Garside ficou conhecido quando, no fim de vencer o combate nos quartos de final, na passada terça-feira, 3, retirou as luvas, mostrando as unhas pintadas de branco, com uma pequena risca pintada em cada uma, todas de cores diferentes, para juntas formarem um arco-íris. O momento foi partilhado pelo pugilista no Instagram: “Esqueci-me de mostrar isto na TV, unhas acabadas de pintar”, escreveu.

“Para ser honesto, só quero quebrar estereótipos. Sou bom nisso”, explicou aos jornalistas, após o combate. As unhas não são o único preconceito que o pugilista tenta quebrar. Vindo de um desporto encarado como tipicamente “masculino”, também a inclusão de ballet na preparação e como técnica de combate o diferencia. “Digo que faço [ballet] pelo boxe, mas na realidade sempre quis dançar. O ballet é muito difícil, a força nas pernas que é necessária, a coordenação, tudo é bastante extremo. É a minha pequena vantagem”, admite aos meios de comunicação internacionais.
“Há muitas pessoas por aí que sentem que precisam de ser alguma coisa só porque são homens ou mulheres. O meu objetivo é só ser diferente”, conta. Se as unhas e a dança podem parecer suficientes para quebrar os estereótipos de género, Garside pensou em ir ainda mais longe, mas acabou por desistir da ideia. “Ia usar um vestido na cerimónia de abertura [dos Jogos Olímpicos] mas não quis ofender ninguém. Algumas pessoas podiam entender da maneira errada”, explicou.
Garside enfrentou na final Andy Cruz vencedor de duas medalhas de ouro nos AIBA World Championships e mais duas nos Pan American Games. O cubano saiu vencedor e terá a oportunidade de competir pela medalha de ouro já no próximo domingo, 8, contra o americano Keyshawn Davis. Quanto a Garside partilha a medalha de bronze com o arménio Hovhannes Bachkov, numa competição que, contrária à maioria das modalidades olímpicas, permite que duas fiquem com este lugar no pódio.