O italiano GianmarcoTamberi, de 29 anos, e o qatariano Mutaz Essa Barshim, de 30, foram os melhores, no domingo, em Tóquio, na final do salto em altura. Ambos passaram a barra mais alta, aos 2,37 metros, sem falhas, mas quando chegou a altura de passar os 2,39 metros – o recorde olímpico, falharam as três tentativas.
Equiparados no mesmo número de tentativas falhadas durante a prova, as opções que a organização ofereceu foram ou um “jump off”, que seria repetir a altura máxima alcançada pelos dois até que um deles falhasse, ou dividir o triunfo. Aí, Barshim perguntou se os dois levariam a medalha de ouro caso optassem por não realizar o desempate. A resposta foi que sim e os dois atletas não hesitaram: dividiriam o ouro, num momento emocionante , que terminou com os dois Tamberi concordou e abraçou Barshim.
O medalhista de ouro Barshim, que já tinha ganho o bronze em Londres, em 2012, e a prata no Rio de Janeiro, em 2016, completa agora o seu conjunto olímpico. Além disso, conquistou medalha de ouro nos Campeonatos Mundiais de Atletismo em 2017, em Londres, e 2019, em Doha (Qatar). Atrás de Javier Sotomauor, com uma marca de 2,45 metros, é já o segundo melhor de todos os tempos, com um recorde pessoal de 2,43 metros.
No momento marcante, o atleta descreveu-o como “irreal”. “Estou tão feliz. Era a única coisa que faltava [da sua carreira de salto em altura]. Agora, estou completo, estou tão feliz”, disse Barshim. “É espantoso. Partilhá-lo com o Marco [Tamberi] é uma sensação espantosa”, salientou emocionado.
Para Tamberi, que soma a medalha de ouro às já obtidas no Campeonato Mundial Indoor de Atletismo, em 2016, em Porland, EUA, e o Campeonatos Europeu de Atletismo, no mesmo ano, ambos ganhos antes da lesão, a vitória teve um gosto especial, uma vez que, em 2016, não conseguiu competir nos Jogos realizados no Rio de Janeiro, devido a uma lesão grave no tornozelo. O gesso que o acompanhou durante a recuperação tinha escrito “Road to Tokyo2020”, depois corrigido para “2021”, e o italiano fez questão de festejar com ele, como lembrança dos seus sacrifícios.
A emoção do atleta era visível, depois dessa fase difícil. “Depois dos meus ferimentos, eu só queria voltar, mas agora tenho este ouro, é incrível. Sonhei com isto tantas vezes”, disse o atleta. “Foi-me dito em 2016, pouco antes do Rio, que havia um risco de já não poder competir. Tem sido uma longa viagem”, evidenciou Tamberi.
Apesar da proibição de espectadores devido às restrições que o governo Japonês impôs devido à pandemia de Covid-19, ouviram-se aplausos das pessoas presentes no estádio durante o festejo dos atletas com as respetivas equipas.
Maksim Nedasekau, da Bielorrússia, também conseguiu a mesma marca que os outros dois atletas com quem partilhou o pódio, de 2,37 metros, mas tendo tido mais tentativas falhadas durante a prova, nos 2,19 metros e 2,35 metros, conquistou a medalha de bronze. Não houve medalhista de prata.
A atleta portuguesa Patrícia Mamona, que conquistou também, no domingo, a medalha de prata no triplo salto feminino dos Jogos Olímpicos de Tóquio, abraçou o italiano Gianmarco Tamberi num momento de celebração para os dois.
A última vez que tinha havido um empate no primeiro lugar de um pódio olímpico foi nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1908, há 113 anos. Os americanos Edward Cook e Afred Carlton Gilbert alcançaram a marca de 3,71 metros no salto com vara e, tal como aconteceu em Tóquio, os atletas, perante as duas opções, optaram por partilhar o ouro.