O treinador José Sousa Uva bem tinha avisado que Patrícia Mamona estava na melhor forma de sempre. Os sinais começaram a ser dados, no início de julho, quando a atleta bateu o seu recorde nacional já velho de cinco anos, ao saltar 14,66 metros no meeting da Liga de Diamante, no Mónaco – mais um centímetro do que o salto que lhe valeu, então, o sexto lugar nos Jogos Olímpicos. Agora, em Tóquio a profecia concretizou-se: logo no primeiro salto, com uma concentração absoluta e movimentos perfeitos, Patrícia voou como nunca tinha voado na vida: acrescentou mais uns impressionantes 25 centímetros a essa marca, alcançando os 14,91 metros. Mas, mesmo assim, o melhor ainda estava para vir: ao quarto ensaio, Patrícia Mamona voou ainda mais e ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 15 metros, com um salto de 15,01 metros, sagrando-se vice-campeã olímpica.
O concurso foi ganho, com toda a naturalidade e como era esperado, pela venezuelana e recordista mundial Yulimar Rojas, que protagonizou uma façanha impressionante. Logo no primeiro salto estabeleceu um novo recorde olímpico com 15,41 metros. Depois, guardou o melhor para o fim: no derradeiro salto, já com a medalha de ouro assegurada, voou uns impressionantes e nunca vistos 15,67 metros – novo recorde do mundo.
A medalha de bronze foi para a espanhola Anna Peleteiro, com 14,87 metros, e que pertence, como Yulimar Rojas e Nelson écroa, ao grupo de treino do cubano Ivan Pedroso, em Guadalajara, Espanha.
Esta é a segunda medalha de Portugal nos Jogos de Tóquio, depois do bronze conquistado pelo judoca Jorge Fonseca, e é a 26.º medalha da história olímpica portuguesa.
Patrícia Mamona junta-se a Carlos Lopes (Montreal 1976) e a Francis Obikwelu (Atenas 2004) no lote de portugueses que conquistaram a medalha de prata no atletismo em Jogos Olímpicos.