É possível ficar para a história como um dos melhores futebolistas de sempre e nunca ter sido Campeão do Mundo? Pode, mas não seria a mesma coisa. Esta tarde, no Qatar, Lionel Messi juntou, naquele que prometeu ser o seu último jogo em Mundiais, o título que faltava ao seu currículo e passou a ser, juntamente com o colega Angel Di Maria, um dos dois únicos futebolistas que, ao longo da carreira, conseguiram ser Campeões Olímpicos, vencer a Copa América e ser Campeões do Mundo. Notável, ainda por cima numa final em que ambos foram, com 35 e 34 anos, respetivamente, absolutamente determinantes para o resultado final. Messi marcou por duas ocasiões, ao passo que Di Maria provocou o penálti que deu o primeiro e marcou o segundo golo da Argentina.
Sendo um desporto coletivo em que nenhum jogador vence sozinho, a verdade é que Di Maria e Messi, sobretudo este, foram exemplos de quão determinantes podem ser os predestinados. Apoiado por uma equipa de atletas empenhados, disciplinados e muito competentes, Lionel Messi conseguiu ser, apesar da sua idade, um jogador decisivo ao longo de todo o torneio, marcando ou dando a marcar os golos que permitiram à Argentina festejar, hoje, a conquista do terceiro título mundial da sua história. Uma atuação que fez dele, com inteira justiça, o Melhor Jogador do torneio e, muito provavelmente, lhe irá garantir a conquista do oitavo prémio de melhor jogador do Mundo. Um prémio que, pelo que se assistiu, também ao longo de todo o Mundial, mas sobretudo ontem, poderá muito bem ser entregue ao outro grande jogador da competição: o extraordinário Kylian Mbappé.
Ganhe ou não a próxima Bola de Ouro, percebe-se que, só uma infortúnio impedirá o avançado francês de vir, daqui para a frente, a dominar o panorama futebolístico mundial da mesma forma que, nas últimas duas décadas, fizeram jogadores como Leo Messi ou Cristiano Ronaldo, sobretudo, mas também craques como Luka Modric ou Robert Lewandoski. O jogo que o avançado do Paris Saint-Germain realizou ontem ficará para história do futebol mundial, uma vez que se tornou apenas o segundo jogador a conseguir marcar três golos numa final de Campeonatos do Mundo. Antes dele, só o inglês Geoff Hurst o conseguira, na final do Mundial de 1966, frente a República Federal da Alemanha. Com esses três golos na final do Qatar2022, Mbappé conseguiu não só manter a França na discussão do jogo até ao fim do prolongamento, como foi capaz de ultrapassar Messi na tabela dos melhores marcadores do Mundial, terminando a prova como oito golos, mais um que o astro argentino.
Para além destas duas grandes figuras da final e de todo o torneio, uma palavra final para Enzo Fernandez, o menino de apenas 21 anos que, depois de ter começado a competição no banco de suplentes, foi o eleito do selecionador Lionel Scaloni para assumir, até ao final da prova, o papel de escudeiro de Messi. O jogador do Benfica (o único clube português que se pode orgulhar de contar com dois campeões do mundo nas suas fileiras) desempenhou tão bem essa tarefa que acabou eleito pela FIFA como o Melhor Jogador Jovem do Mundial. Um troféu que lhe assenta muito bem, mas que podia partilhar com outros dois jovens da seleção alviceleste, Julián Alvarez (22) e Alexis Mac Allister (23), atletas que também não faziam parte dos planos iniciais do selecionador, mas que acabaram a ter uma enorme influência na conquista do título. É por jogadores como eles que vai passar o futuro do futebol argentino.