Portugal está numa posição muito confortável no Mundial do Qatar. As duas vitórias conseguidas frente ao Gana e o Uruguai permitem que a equipa encare o jogo desta sexta-feira, contra a Coreia do Sul, com o primeiro lugar do Grupo H praticamente garantido. Só uma derrota frente a equipa de Paulo Bento conjugada com uma vitória do Gana frente ao Uruguai (e ambas por números que façam Portugal perder a diferença de 3 golos a seu favor que conquistou até aqui) poderão impedir a Seleção Nacional de garantir a liderança final do grupo e, como isso, assegurar duas coisas importantes: evitar defrontar o Brasil nos oitavos-de-final e ter mais um dia para descansar, pois o calendário determina que o primeiro do Grupo H defronta o segundo do Grupo G na próxima terça-feira, 6, ao passo que o segundo classificado do Grupo H joga contra o líder do Grupo G já na segunda-feira, 5. Por isso, e mesmo sabendo que o adversário (a Suíça, provavelmente, mas também pode ser a Sérvia ou os Camarões) não será fácil, sempre é melhor do que defrontar o Brasil com menos um dia para descansar e recuperar.
Pensando em todos estes fatores, estão reunidas as condições para que Fernando Santos possa dar tempo de jogo aos jogadores que ainda não o tiveram. Seria uma excelente oportunidade de dar descanso a alguns dos habituais titulares e de dar ritmo e confiança aos menos utilizados, que poderão vir a ser chamados em fases mais adiantadas da competição. E, como é bom de perceber, é sempre melhor ter duas dezenas de possíveis titulares do que apenas uma dúzia. Precavendo até que jogadores como Bruno Fernandes, João Félix, Rúben Neves e Rúben Dias possam ver um cartão amarelo que os afaste dos oitavos-de-final, Fernando Santos deve aproveitar o jogo desta sexta-feira para colocar os habituais suplentes. Jogadores como Gonçalo Ramos (21 anos), Vitinha (22), Rafael Leão (23), Diogo Dalot (23) ou António Silva (19) deviam ser lançados já. Mas também os mais velhos Palhinha, Matheus Nunes, João Mário, Ricardo Horta, Rui Patrício ou José Sá. Todos eles têm talento e competência para formar uma equipa capaz de vencer a Coreia do Sul. Nem mesmo a extrema juventude de alguns deles, nomeadamente do defesa-central do Benfica, com apenas 19 anos anos, deverá constituir um entrave à sua utilização, por exemplo ao lado de Pépe.
A Espanha, equipa que, talvez só a par da França, melhor futebol tem mostrado neste Campeonato do Mundo, no centro de toda a sua manobra dois jogadores fantásticos, Gavi e Pedri, de 18 e de 20 anos acabados de fazer, respetivamente, autênticas reencarnações da dupla Iniesta e Xavi, omnipresentes durante os anos de ouro de La Roja e do FC Barcelona. A Alemanha, que só hoje decidirá o seu futuro na competição, mas que, mostrou, frente à Espanha, que tem tudo para ser uma forte candidata ao título, deposita grande parte da criatividade do seu futebol num jovem de apenas 19 anos, Jamal Musiala. Na Inglaterra, uma das equipas com mais golos marcados, até ao momento, na competição, também entrega as tarefas de construção a um miúdo, Jude Bellingham, de apenas 19 anos, e conta, na frente, com a velocidade e veia goleadora de Bukayo Saka, com 21 anos, e Phil Foden, de 22. Finalmente, na Argentina, é também um jovem de apenas 21 anos, o benfiquista Enzo Fernandez que vem paulatinamente ganhando espaço no seio da equipa, assumindo a batuta do meio-campo e de fiel escudeiro de Leo Messi.
Os exemplos que chegam destas seleções, autênticos colossos do futebol e crónicas candidatas ao título, mostram que a aposta em futebolistas mais novos dá resultado. Não é obrigatório, para se ter sucesso, ter uma equipa sempre recheada de atletas batidos e experientes. Há que dá oportunidades aos mais novos e construir a equipa do futuro. Por isso, aqui fica o repto: Fernando Santos, deixe jogar os miúdos!