A equipa nacional entrou no jogo da forma que se esperava: à frente do guarda-redes Rui Patrício, Fernando Santos colocou um quarteto de defesas constituído por Nélson Semedo, na direita, Rúben Dias e Pepe, no centro, e Raphael Guerreiro, à esquerda. No centro do terreno, as escolhas do selecionador recaíram no duplo pivot formado por Danilo Pereira e William Carvalho, libertando Bruno Fernandes para tarefas de organização ofensiva. Nas alas, Diogo Jota, pela esquerda, e Bernardo Silva, pela direita, apareciam com a dupla missão de fechar defensivamente os corredores quando a equipa portuguesa perdia a bola e fletir para o centro em manobras ofensivas, abrindo espaço para a subida dos defesas laterais. Na frente, Cristiano Ronaldo surgiu solto, na tarefa de ponta-de-lança, mas com ampla liberdade de movimentos.
Portugal dominou durante toda a primeira parte do encontro. Com a Hungria mais preocupada em preencher espaços no centro do terreno e tapar os caminhos para a sua grande área, a Seleção Nacional controlou as operações e assumiu as rédeas do jogo, com Danilo e William a recuperar a bola, deixando para Bernardo, Jota, Guerreiro e Semedo as tarefas de transporte de bola para o ataque. Mas sem conseguir criar jogadas de perigo evidente. Perante a muralha húngara, restava a Portugal tentar lançar bolas em profundidade, mas foram poucas as vezes em que as jogadas resultaram e, sempre que isso aconteceu, estava lá o guardião contrário para evitar, sem dificuldade, o golo. Só já muito próximo do intervalo é que a equipa nacional conseguiu cruzar com perigo para o centro da área. Mas Diogo Jota, primeiro, rematou à figura após cruzamento de Nélson Semedo e Cristiano Ronaldo, depois, falhou escandalosamente o golo, rematando por alto, já na pequena área, após cruzamento de Bruno Fernandes, da esquerda.
Substituições dão frutos
O segundo tempo começou sem alterações nos onzes e com a mesma toada. Portugal começou por criar perigo, numa cabeçada de Pepe que esbarrou em mais uma grande defesa do guardião húngaro. Mas a equipa da casa conseguiu sacudir a pressão e, até à hora de jogo reequilibrou as operações. Por duas ocasiões, em remates de longe, chegou a incomodar Rui Patrício.
Pressentindo o perigo, Portugal retomou o comando das operações e voltou a jogar no meio-campo contrário. Ainda assim, sem conseguir criar perigo, voltando a esbarrar na boa organização defensiva da equipa magiar. Só quando incutia alguma velocidade ao seu jogo, Portugal conseguia desequilibar, como aconteceu aos 66 minutos, quando, numa jogada rápida, Bruno Fernandes rematou com perigo, à entrada da área, obrigando o guardião contrário a mais uma bela defesa. Percebendo essa necessidade de jogar mais rápido, Fernando Santos chamou Rafa ao jogo, para o lugar de Bernardo Silva. Mas foi a Hungria que voltou a ficar por cima do jogo, obrigando Portugal a errar e a ter de se defender das suas investidas rápidas. Aos 80 minutos a bola chegou mesmo a entrar, numa jogada de contra-ataque, mas o frango de Patrício acabou por passar despercebido porque o avançado húngaro estava em fora-de-jogo.
Fernando Santos voltou a mexer na equipa, fazendo entrar Renato Sanches e André Silva para os lugares de William Carvalho e Diogo Jota, que desaparecera do jogo. Mas não foi por isso que Portugal melhorou a sua qualidade jogo. Ainda assim, conseguiu chegar ao golo, numa jogada em que Rafa ganhou a profundidade, cruzou mal, contra um adversário, mas a bola sobrou para Raphael Guerreiro, que rematou fraco, mas beneficiou de um ressalto, fazendo o golo inaugural, aos 84 minutos.
Estava destado o nó. No reatamento, Ranato Sanches arrancou do meio campo de Portugal, aguentou várias cargas e entrou a Rafa, que acabou derrubado, dentro da área, quando se preparava para fazer o segundo. Foi penalti e, daquela marca, Ronaldo quase nunca falha. E não falhou, fazendo o golo da tranquilidade. E voltou a marcar, já nos descontos, após uma troca de bola rápida com Rafa (sempre ele!) no interior da área. E já lá vão 106 golos ao serviço da Seleção. Só faltam três, para bater o recorde de Ali Daei.
Agora, Portugal fica à espara do jogo entre França e Alemanha, com a garantia de que ficou muito mais perto de garantir a passagem aos oitavos-de-final da competição.