O espanhol Roberto Martínez, novo selecionador nacional de futebol, levou a Bélgica ao topo do ranking mundial de seleções, mas deixou o cargo sem honra nem glória, após uma eliminação precoce no recente Mundial do Qatar, sem ter coroado tal estatuto com um título.
Durante os seis anos em que orientou a chamada geração de ouro do futebol belga, com craques como Kevin de Bruyne, Eden Hazard, Thibaut Courtois ou Romelu Lukaku, o sucessor de Fernando Santos obteve a melhor classificação com o terceiro lugar no Mundial de 2018, realizado na Rússia. A liderança do ranking da FIFA nunca foi, portanto, alicerçada numa grande conquista, apesar das boas sequências de vitórias terem catapultado os belgas para essa posição cimeira entre 2019 e 2021.
Os únicos dois troféus no currículo do espanhol foram obtidos no futebol inglês, no qual passou a maior parte da carreira, não só de treinador mas também de jogador. Quando subiu o Swansea à segunda divisão, em 2007/08, na segunda de três temporadas no clube, fê-lo como campeão da terceira divisão. E mais tarde, em 2012/13, na quarta e última época ao comando do Wigan Athletic, da Premier League, alcançaria aquele que continua a ser o maior feito do seu currículo, ao conduzir o clube à conquista da Taça de Inglaterra.
A proeza valeu-lhe o salto para o Everton, apesar de não ter conseguido evitar a despromoção do Wigan para o Championship, o segundo escalão inglês, depois de três épocas em que tinha assegurado a permanência entre a elite. No Everton, estreou-se com um auspicioso quinto lugar e respetiva qualificação para a Liga Europa, na qual chegaria aos oitavos-de-final na época seguinte, caindo para a 11ª posição no campeonato, classificação repetida na temporada seguinte (embora tenha sido despedido a uma jornada do fim), sem direito a participação nas competições europeias da UEFA.
Em agosto de 2016, foi com alguma surpresa que Roberto Martínez substituiu Marc Wilmots à frente da seleção da Bélgica, na sequência de dois afastamentos nos quartos-de-final, quer no Mundial de 2014 quer no Europeu de 2016. Depois do pódio no Campeonato do Mundo de 2018, os belgas ficaram-se pelos quartos-de-final no Euro 2020 e pela fase de grupos no recente Mundial do Qatar. Na Liga das Nações de 2021, terminaram na quarta posição.
Enquanto jogador, Martínez teve uma carreira modesta. Representou a equipa da terra natal, o Club de Futbol Balaguer, na província catalã de Lérida, e passou pela equipa B do Saragoça antes de rumar ao Wigan Athletic, iniciando o seu longo percurso pela Grã-Bretanha. Permaneceu no clube durante seis temporadas, sempre em escalões secundárias, entre 1995 e 2001. Seguiu-se uma curta passagem pelo Motherwell, na divisão principal da Escócia, e o regresso a Inglaterra, para representar o Walsall, da segunda liga. Sem nunca ter atuado nos principais campeonatos em Espanha ou em Inglaterra, o médio rumaria depois ao Swansea, da quarta divisão inglesa, antes de pendurar as chuteiras ao serviço do Chester City, do mesmo escalão, em 2007.
Aos 49 anos, este apologista de um futebol ofensivo, admirador do holandês Johan Cruijff, é o escolhido pela Federação Portuguesa de Futebol para comandar os destinos de Portugal até ao Mundial de 2026. Depois dos brasileiros Otto Glória e Luiz Filipe Scolari, é o terceiro selecionador estrangeiro a dirigir a equipa das quinas. Para já, o primeiro objetivo é o apuramento para o Euro 2024, em que terá como adversários Bósnia-Herzegovina, Eslováquia, Islândia, Liechtenstein e Luxemburgo. A estreia será a 23 de março com o Liechtenstein.