Em ano de Campeonatos da Europa e Jogos Olímpicos, o recorde do mundo dos 100 metros livres, a distância rainha da natação, caiu quatro vezes em 2008, divididas entre o francês Alain Bernard e o australiano Eamon Sullivan. Vivia-se então a era dos fatos de supersónicos de poliuretano, que beneficiavam o deslize na piscina, e o recorde mundial voltaria a ser pulverizado no ano seguinte, primeiro por Bernard e depois pelo brasileiro César Cielo Filho, campeão olímpico em Pequim dos 50m livres. A fasquia ficou nos 46,91 segundos e assim permaneceu até hoje.
Foi preciso esperar 13 anos para o fantástico registo, obtido em Roma, durante os Campeonatos do Mundo, voltar a cair. A proeza esteve a cargo do prodígio romeno David Popovic, que aos 17 anos nadou a distância em 46,86 segundos, precisamente na mesma piscina da capital italiana, onde decorrem agora os Europeus de 2022.
Sem fato, a jovem promessa da Roménia conquistou a medalha de ouro com uma exibição que marca um novo salto na história da disciplina, que teve em Johnny Weissmuller (o primeiro a baixar de um minuto, em 1922), Mark Spitz (campeão olímpico em 1972, com recorde do mundo), Jim Montgomery (o primeiro a baixar dos 50 segundos, coincidindo com o título olímpico, em 1976) e Matt Biondi (o único a baixar o melhor tempo em quatro ocasiões consecutivas, entre 1985 e 1988) alguns dos outros grandes protagonistas ao longo dos anos.
O recorde hoje batido durava desde o tempo em que a Federação Internacional de Natação decidiu proibir os fatos completos, de material não têxtil, ainda no ano de 2009. Para se ter uma ideia da diferença que faziam, refira-se que 23 dos 25 recordes do mundo quebrados nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, tiveram assinatura de nadadores que usaram fatos de poliuterano. Mais: 94% das medalhas de ouro foram parar ao peito de atletas que competiram “tapados” do pescoço aos tornozelos.
Com o feito agora alcançado, David Popovic tornou-se o mais jovem recordista mundial dos 100m livres da história, perfilando-se, cada vez mais, como grande candidato à vitória nos próximos Jogos Olímpicos, em Paris2024. Em junho passado, nos Mundiais de Budapeste, ele já tinha conquistado o ouro nos 100 e nos 200 metros livres.