A 20 minutos do apito final do árbitro, o avançado do F.C. Porto saiu do relvado visivelmente perturbado. Fez sinais de desagrado para as bancadas, virando os polegares para baixo, e ninguém o conseguiu travar – nem mesmo o treinador Sérgio Conceição o demoveu.
Foi com um golo de Marega que o F. C. Porto fez o 2-1 que valeria os 3 pontos frente ao Vitória de Guimarães, neste domingo, no estádio D. Afonso Henriques, na 21.ª jornada da Liga. Foram atirados vários objetos contra o avançado dos azuis e brancos mas ele agarrou numa cadeira e festejou o golo com ela. Contudo, alguns minutos depois, terá ouvido mais insultos, cânticos racistas que vários comentadores desportivos no local dizem que estavam a suceder-se sempre que ele tocava na bola.
A equipa técnica do F.C. Porto protestou junto do 4º árbitro pela “passividade” do árbitro principal, que segundo as regras internacionais não deveria deixar passar em branco insultos racistas contra jogadores, como recordou em entrevista à VISÃO Lilian Thuram, ex-futebolista e presidente de uma fundação que promove a Educação Contra o Racismo, embora considerando que o negócio ainda é mais importante do que a defesa dos direitos humanos. Se não há mudanças, diz, não é por culpa da FIFA: “É aos jogadores brancos, que não sofrem de racismo, que devemos perguntar por que razão não fazem nada. Se eles disserem claramente aos adeptos: “Parem, não venham mais ao estádio se é para fazerem isso”, então as coisas mudam muito depressa. É fundamental educar os jogadores brancos para que eles tomem a palavra e deixem de ter medo.”
No final do jogo, em declarações à SportTV, Sérgio Conceição estava indignado: “O que tenho a dizer, e perdoem-me eu não falar do jogo, da dinâmica, das substituições… O jogo passa para segundo plano. Estamos completamente indignados com aquilo que se passou. Sei da paixão que existe no Vitória e que a maior parte dos adeptos não se revê na atitude de algumas pessoas que estavam hoje na bancada a insultar o Moussa desde o aquecimento. Nós somos uma família, independentemente da nacionalidade, da cor da pele, da altura, da cor do cabelo… Nós somos uma família. Somos humanos. Merecemos respeito. O que se passou aqui é lamentável. Lamentável.”